‘Baby Blues’: entenda esse transtorno emocional
"O puerpério é um período muito difícil, as pessoas romantizam muito a maternidade. É uma coisa linda, incrível, é o maior amor do mundo, só que a gente se sente sozinha, mesmo não estando. É um vazio por dentro, parece que falta alguma coisa e realmente estava, por que agora ela estava em meus braços". O relato é da mãe Mariane M. Castilho. Em sua segunda gestação, ela passou pelo "baby blues" - um dos transtornos emocionais do ciclo gravídico puerperal.
A gravidez é um momento repleto de mudanças na vida de uma mulher, tanto físicas quanto emocionais. Durante essa fase, é comum que muitas gestantes se sintam ansiosas, estressadas e até mesmo tristes, sendo essencial realizar acompanhamentos semanais com um psicólogo, garantindo com que as mamães comecem a identificar os sinais de alerta do "baby blues", uma reação comum que as mulheres vivenciam após o parto.
Segundo Mariane, o choro constante e a sensação de não ser suficiente era desesperador. "Eu não conseguia ficar feliz o tempo todo, eu chorava as vezes sem saber o porquê. As vezes por medo de não dar conta, afinal eu tinha dois e querendo ou não a atenção ia pra Maria (recém-nascida). Eu sentia que estava abandonando o João (filho mais velho)", conta.
Por medo de ser diagnosticada com depressão pós-parto, Mariane não buscou ajuda profissional, mas contou com apoio do marido Maicon Castilho. "A Maria não dormia e a privação de sono acabava comigo. A sensação é de que não sabia o que estava fazendo. Não queria tomar remédios e ficar dependente pro resto da vida, então assistia muitos vídeos. O Maicon me ajudava muito, colocava ela pra dormir, me deixava descansar, cuidava dos dois e me fazia cuidar de mim”, afirma.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, nos primeiros dias depois do nascimento do bebê, é comum que a mãe se sinta irritada, triste e com vontade de chorar, mesmo sem motivo. Mas esses sentimentos podem ser intercalados com momentos de muita alegria e satisfação. Isso se deve a mudanças hormonais que acontecem nessa fase. Esses hormônios vão se estabilizando no organismo à medida que ele começa a produzir o leite materno. Essa condição é passageira e costuma desaparecer até o final da segunda semana de vida do bebê, principalmente se a mulher puder contar com o apoio da família e das pessoas que convivam com ela. “Quando voltei a trabalhar, ela já estava com 5 meses, então fui ocupando a cabeça e essa sensação foi diminuindo”, disse.
De acordo com a psicóloga Luana Galleano Mello, ter o acompanhamento profissional durante a gravidez auxilia as mulheres a desenvolverem uma rede de apoio sólida, com amigos e familiares que ajudarão durante a gestação e no pós-parto também. "As mulheres precisam se sentir confortáveis para compartilhar seus medos e inseguranças com o terapeuta e pessoas ao seu redor, o que oferecerá a ela um espaço seguro e acolhedor para que possa expressar suas emoções sem julgamento e que as acolham para além da gravidez.
Além do acompanhamento psicológico, a professora e coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, também indica algumas práticas diárias que auxiliam durante esse período da gestação. “Uma alimentação equilibrada pode ajudar a manter o corpo e a mente saudáveis. Certifique-se de incluir alimentos ricos em nutrientes e vitaminas essenciais para a saúde mental, como frutas, verduras, proteínas e gorduras saudáveis”, disse.
Praticar atividade física também ajuda. “Exercícios físicos leves e adequados para a gestação podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade, além de melhorar o sono, mas antes as mulheres devem conversar com um médico sobre a atividade física mais indicada”, conta. Outra questão é dormir bem. “Uma boa noite de sono é fundamental para a saúde mental e física. Procure criar um ambiente tranquilo e confortável para dormir e tente manter uma rotina de sono regular. Meditação, yoga, exercícios de respiração e outras técnicas de relaxamento podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade e promover a sensação de bem-estar”, disse.
Para as mamães que estão passando por esse transtorno, Mariane aconselha. “Tudo passa, demora, mas passa. Quando as coisas estiverem difíceis procure ajuda, tire nem que for 15 minutos para você. Leia um livro, ligue para uma amiga e tente dormir, sempre que puder. Ninguém nunca vai dar conta de tudo e está tudo bem! O que você não conseguiu fazer hoje, faça amanhã e se amanhã não der está tudo bem também. Filhos crescem e você precisa estar bem para curtir cada etapa”, finaliza.
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