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Consultora do MEC/UNESCO visita escola bilíngue de Limeira

A Ceief Rafael Affonso Leite, no Jardim Presidente Dutra, recebeu na semana passada a visita da consultora técnica da Unesco e do Ministério da Educação, Luana Marquezi. Ela veio a Limeira conhecer o programa de Educação Bilíngue, implantado na escola em 2021, para levantamento nacional da Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos do MEC. Atualmente, a unidade atende 660 estudantes de 0 a 10 anos, entre eles, 17 alunos surdos.  

Este ano, a escola iniciou uma proposta piloto, matriculando os irmãos ouvintes dos alunos surdos, que também ficam em período integral. Os irmãos ouvintes estão aprendendo Libras como segunda língua, visando a formação de interlocutores de Libras nas famílias desses estudantes.  

É o caso de Benício, de 5 anos, aluno ouvinte da Rafael Leite. Mesmo com a pouca idade, ele se comunica fluentemente com o irmão surdo, Pedro, de 7 anos. A mãe dos meninos, Flávia, contou que o diagnóstico de surdez bilateral severa demorou a sair. Até o ingresso na unidade, em 2020, ele não dominava Libras e se comunicava com os familiares por meio de gestos, situação que desencadeava momentos de irritabilidade. 

Pedro foi matriculado na escola durante a pandemia de coronavírus e mesmo com as aulas à distância, ela reconhece que o filho absorveu rapidamente o conteúdo. "Foi um divisor de águas", relatou. "Ele começou a aprender os sinais básicos da língua, como as cores, os objetos, a pedir água, e entendeu que era possível se comunicar", ressalta.  

Hoje, no 2º ano do Ensino Fundamental, Pedro participa da turma de ouvintes, em disciplinas como Artes e Educação Física, e assiste às aulas em Libras para o aprendizado dos demais conteúdos. Paralelamente, frequenta as atividades do período integral, sempre que possível, acompanhado do irmão mais novo. "Gosto muito da dinâmica da escola", resumiu Flávia. 

A diretora da Rafael Leite, Katia Romina de Lima Bernardo, destaca que a presença da consultora em Limeira demonstra o reconhecimento do trabalho desenvolvido na escola. Segundo ela, os alunos surdos estudam os conteúdos da grade curricular utilizando a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua e o português escrito como segunda língua. "É o que preconiza o Decreto nº 5626/2005, que trata do direito ao estudante surdo à Educação Bilíngue", afirmou Katia.  

Para tanto, a escola conta com duas professoras bilíngues (uma terceira está em processo de contratação) e três intérpretes de Libras. Katia já atuou no Centro Educacional João Fischer Sobrinho, serviço de referência da prefeitura para pessoas surdas, e portanto, domina Libras, assim como as vice-diretoras. Porém, ela sinaliza a necessidade de mais um instrutor surdo - pauta que já está sendo analisada pela Secretaria de Educação. "Esse instrutor surdo será o modelo nativo de língua, de cultura e de identidade para os estudantes surdos", salientou a diretora. 

Na unidade, os estudantes surdos permanecem em período integral e participam de atividades oferecidas por instituições parceiras, como natação, ministrada pela Secretaria de Esporte e Lazer, aulas sobre Meio Ambiente, desenvolvidas por universitários do Projeto EcoEdu (Unicamp) e oficinas de cidadania e primeiros socorros, organizadas pela equipe de voluntários da Força Pré-Militar Brasileira (Fope).

 

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