Foto de capa da notícia

“Nós não somos invisíveis”, destaca presidente do Comicin

“Nosso foco é deixarmos de olhar a população negra limeirense como uma população invisível. Nós não somos invisíveis”. A fala marcante é da nova presidente do Conselho Municipal dos Interesses do Cidadão Negro (Comicin) de Limeira. Ewelyng Teodoro falou sobre o racismo estrutural na sociedade e sobre a importância da participação de todos nessa luta de igualdade.

 

Os novos membros foram empossados em maio, sendo seis pessoas, indicadas pelo Poder Público e 11 pela Sociedade Civil, o que totaliza 17 integrantes. Eles vão atuar no biênio 2023-2024. No último final de semana, foi realizada a primeira reunião estratégica para elencar as principais demandas da população negra no município.

 

Em entrevista para a Gazeta, a nova presidente reforçou que o Comicin vai cobrar políticas públicas no município. “Perdemos duas referências muito importantes em Limeira (José Galdino e Dirce do Prado) e todos sentiram demais esse luto. Agora estamos em fase de restruturação e nosso planejamento pautou todos os campos que a nossa gestão entende que faz parte do escopo do Comicin, desde políticas públicas, à educação e saúde”, disse.

 

Ewelyng também pontuou o racismo estrutural na sociedade. “Precisamos que Limeira entenda que existe uma população negra que precisa ser olhada, por que se você olhar para os grandes centros, onde está essa população? Como está essa população? As políticas públicas estão sendo direcionadas a quem? Qual é o censo da população negra de Limeira? Precisamos ter esse tipo de informação”, pontuou.

 

Outra questão é sobre a saúde da população negra. “A gente sabe que na saúde existem doenças que acometem a população negra. No passado, o saudoso Padre Maurício correu atrás para que a tivéssemos equipamentos para combater a anemia falciforme, hoje em dia a gente não sabe como está essa procura, se realmente está sendo utilizado, o que está sendo utilizado para a população negra? Nosso foco é que a gente deixe de olhar a população negra limeirense como uma população invisível, não nós somos invisíveis! Estamos aqui, precisamos ser vistos, respeitados e que os direitos mínimos e a dignidade humana cheguem à nós também”, disse.

 

Na semana em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, criado pela Organização das Nações Unida (ONU), a nova presidente falou sobre a luta e a resistência dessas mulheres contra racismo, o machismo, a violência, a discriminação e o preconceito dos quais elas ainda são vítimas. “As nossas dificuldades são muito grandes, por que o mercado de trabalho é extremamente racista. Inserir mulheres negras mesmo com a melhor qualificação possível e alcançar o salário igual, é difícil. Alcançar a perspectiva de crescimento, de chegar a uma posição de liderança, é difícil. Acessar todas as formas que a gente procura, que a gente tenta na sociedade, é difícil. Imagina se for uma mulher, negra e lésbica? O racismo nos atravessa demais, então não é à toa que a mulher negra ainda está na base da sociedade”, afirma.

 

A presidente ainda ressalta que o Comicin está aberto para toda a sociedade. “É importante que as pessoas entendam e saibam que esse espaço é delas e o que a gente vai fazer pela população. Que a sociedade nos procure, que eles sintam que estamos de portas abertas. Precisamos realmente que as pessoas não negras entendam seus privilégios e que o racismo não vai acabar no Brasil, enquanto existir pessoas beneficiadas. Essa briga não é só nossa, é da sociedade brasileira. É necessário que todos comprem essa luta, seja no almoço de família, na escola, no trabalho ou na igreja. O racismo está aí e continua matando jovens negros a cada 23 minutos. Continua nos deixando na base da pirâmide e continua nos tirando oportunidades. E se está tirando é por que alguém está recebendo, então é uma luta da sociedade brasileira”, conclui.

 

Comicin vai reabrir sede para atender denúncias e demandas

 

O Conselho Municipal dos Interesses do Cidadão Negro tem como atribuições propor diretrizes e promover, em todos os níveis da administração, atividades que visem a defesa dos direitos da comunidade negra, a eliminação de discriminação e desigualdade. As reuniões acontecem mensalmente, e segundo a nova presidente, poderá ocorrer sempre nas últimas quintas-feiras do mês. A data segue em discussão com os novos membros.

 

Em breve, a sede será reaberta diariamente para atender a população. “Em breve nossa sede atenderá pelo menos 6h por dia e estará aberta para a população. Toda e qualquer denúncia de racismo poderá ser encaminhada ao Comicin, mas hoje nossas redes sociais estão ativas e temos acesso diário e constante. As nossas reuniões também ocorrem mensalmente e é aberta para a população. O direito ao voto é só para os conselheiros, mas as reuniões são abertas para que todos possam participar, opinar e trazer suas demandas”, destaca.

 

O Comicin também vem planejamento parcerias com o Movimento Negro de Limeira. “Em breve também estaremos estabelecendo uma reunião com o Movimento mensalmente. Em nosso primeiro encontro tivemos uma adesão muito boa. Vamos construir uma política pública, mas precisamos entender quais as principais demandas da nossa população”, ressaltou.

 

Além de Ewelyn, o conselho é formado por: Benedita Aparecida Faustino Duarte, Cleusa dos Santos, Edna Machado Santos, Helenice Aparecida Magalhães de Souza Guedes, vereador Waguinho da Santa Luzia, Willian Carlos Olivares, Caroline Pereira, Deivison Ferreira de Oliveira, Daniel Aparecido Romualdo, Hamilton Fernando de Mello, Joceli Maria dos Santos, Joana Aparecida da Silva, Juliana de Cássia Aparecida Marinho, Ketely Vitoria Amâncio da Silva, Murilo França Tabosa e Sandra Regina da Silva.

 

Nas redes sociais, o Comicin pode ser acionado pelo Facebbok: https://www.facebook.com/comicindcab e pelo Instagram: https://www.instagram.com/comicinoficial/.

 

Comentários

Compartilhe esta notícia

Faça login para participar dos comentários

Fazer Login