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Crescem casos de idosos que fazem empréstimo a familiares

 

Associação de Aposentados relata aumento de casos após pandemia; forçar idoso a emprestar é crime

 

Idosos aposentados que se vêm forçados a realizarem empréstimos para ajudar familiares. Relatos sobre esse tipo de situação têm crescido, em especial após o período da pandemia. É o que vivencia a Associação dos Trabalhadores Aposentados de Limeira (Atapil). Relatos também chegam à Gazeta em que o idoso não recebe o valor emprestado, chegando a passar por necessidades.

É justamente nesta fase da vida que muitos se veem precisando de ajuda que, alguns idosos, são praticamente forçados a realizar empréstimos para ajudar filhos, netos e outros familiares. Assim ocorreu com uma leitora, que não será identificada.

A idosa realizou um empréstimo de alto valor a um de seus netos. Por se tratar de empréstimo consignado, o desconto ocorre mensalmente nas parcelas da aposentadoria. O dinheiro faz falta e nada do valor ser pago, como havia sido prometido pelo neto. “Essa situação interfere drasticamente na renda, pois esse valor seria utilizado para alimentação e outras necessidades”, comenta.

A presidente da Atapil, Nair Facco, comenta que esses relatos passaram a aumentar especialmente após o período da pandemia. “Muitos perderam o emprego e ficaram em situação financeira difícil, então, acabam recorrendo aos idosos. Temos recebido esses relatos na associação. Há casos em que os parentes não pagam e isso atrapalha muito a vida do idoso”, citou.

Caso recente acompanhado por ela foi de um idoso cujo filho utilizou seu cartão para empréstimos, chegando a comprar um veículo. Esse valor nunca foi pago. “Isso comprometeu tanto a condição financeira dele a ponto de não ter como se manter. Mais tarde, foi encaminhado para uma instituição para idosos”.

 

ORIENTAÇÃO

 

Segundo Nair, a principal orientação que a associação compartilha é que os idosos não devem fazer empréstimos a outras pessoas, mesmo que sejam familiares. “Sempre destaco que esse valor fará falta, pois o idoso gasta muito com medicamento e outros cuidados”.

O ideal é sempre evitar qualquer empréstimo. “Dificilmente o idoso conseguirá reaver esse valor pelos bancos e financeiras, pois ele, de fato, assinou esse empréstimo. Outro ponto que considero importante é que os profissionais que atuam nesses locais façam uma orientação e procurem identificar se o idoso está ou não sendo forçado”, informou.

 

Foto Agência Brasil
Relatos de empréstimos a familiares aumentam após a pandemia

 

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Segundo Estatuto, violência
financeira contra idoso é crime

Forçar o idoso a emprestar dinheiro ou mesmo se apossar do cartão e renda desse idoso é crime, de acordo com o Estatuto do Direito do Idoso, e se configura como violência financeira.
De acordo com o Estatuto, estão previstos como crime o ato de receber ou desviar bens, dinheiro ou benefícios de idosos. Essa conduta é conhecida por violência patrimonial ou financeira. A lei prevê pena de reclusão de um a quatro anos - além de multa para quem cometer esse delito.
Dados divulgados pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) revelaram que a maiores vítimas das violações aos direitos humanos são contra pessoas idosas. O levantamento reflete o período de janeiro a primeira semana de julho de 2022, quando foram registradas mais 44 mil denúncias. Deste total, 12 mil estão relacionadas à violência patrimonial ou financeira dirigidas a pessoas com 60 anos ou mais (54,8%), seguido de mulheres (28,2%) e crianças e adolescentes (6,7%). (Cintia Ferreira)

 

 

 

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