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Guia do Patrimônio Cultural resgata a origem de Limeira

“O Patrimônio Cultural estará “vivo” na sociedade quando é reconhecido em todos os seus valores principais: sua história, sua singularidade expressiva e técnica, seus usos e significados atribuídos ao longo do tempo. E não há melhor caminho para esse reconhecimento do que um “guia”, uma narrativa organizada pelas informações documentais, físicas, e visuais dos bens e práticas mais preciosas de nossa cultura”. É com esse entusiasmo que o professor Marcos Tognon da Universidade Estadual de Campinas descreve o Guia do Patrimônio Cultural de Limeira, uma iniciativa coordenada pelo professor João Paulo Berto e seus estudantes Beatriz Salviato Claudiano, Franciellen Taboga, Kezia Caroline Fagundes Dias e Jorge Luis dos Santos, amparados pela Faculdades Integradas Einstein da cidade.

 

A iniciativa teve como objetivo apresentar 37 bens culturais de Limeira (entre prédios e conjuntos arquitetônicos) em seus aspectos formais, simbólicos e de uso, lançando um olhar para espaços pouco valorizados da cidade e fornecendo indícios para a compreensão da identidade plural limeirense. “Nós buscamos a criação de uma obra que permitisse conhecer e fazer conhecido parte do patrimônio cultural de Limeira, entendendo os bens na chave das transformações urbanas locais e em suas potencialidades históricas, culturais, simbólicas e turísticas”, explica.

 

No aniversário de 197 anos de Limeira, mais do que recontar sua história, é trazer aos leitores uma narrativa diferente de quem estuda à fundo o surgimento do povoado, a modernização urbana e a importância de cada prédio construído nessa cidade. Todas as singularidades foram esmiuçadas em um projeto inovador e que foi destaque, inclusive, da Semana Camarária de Limeira, através de uma palestra ministrada pelo próprio docente João Paulo Berto em agosto deste ano. Para instigar a leitura completa do Guia, a Gazeta traz um pouco dos detalhes e da origem de Limeira, das sesmarias ao crescimento em torno da ferrovia, e sobretudo, da busca em manter viva a história de nossas ascendências.

 

ORIGEM

Nas primeiras décadas do século XIX, a região da sesmaria do Morro Azul ainda era eminentemente rural. O território era formado por grandes fazendas que ainda se pautavam no trabalho gerado pelas lavouras de cana-de-açúcar e na mão de obra escrava negra africana, fortalecidas a partir de 1815. Entre os principais nomes, despontam importantes personagens da história nascente de Limeira como Bento Manoel de Barros (1791-1873), José Ferraz de Campos (1782-1869), Nicolau Pereira de Campos Vergueiro (1778-1859) e o brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão (1778-1827).

 

Sesmarias que originaram Limeira

 

TERRITÓRIO

O povoado de Nossa Senhora das Dores do Tatuiby foi fundado no ano de 1826 a partir da organização de habitantes provenientes das áreas rurais locais e regionais, apoiados pela subsequente doação de uma extensa gleba de terra de 112,5 alqueires pertencente à sesmaria do capitão português Luiz Manoel da Cunha Bastos (1788-1835). Daí começou a ser configurada a malha urbana. A organização do agrupamento populacional também deu-se a partir da recém-inaugurada capela em honra a Nossa Senhora das Dores. Destes anos iniciais resta-nos apenas um pequeno desenho feito a lápis, datado de 1839 e de autoria de Hercules Florence (1804-1879), francês radicado no Brasil e considerado o pai da iconografia paulista.

 

 Povoado de Nossa Senhora das Dores do Tatuiby

 

MODERNIDADE

 

Durante a década de 1840 até meados da segunda metade do século XIX destaca-se os avanços no setor comercial. Uma das possíveis explicações é a consequência direta da presença de imigrantes europeus na vila, começando com os colonos portugueses que vieram para o trabalho na Fazenda Ibicaba a partir do sistema de parceria (em substituição aos escravos africanos), além do próprio crescimento do poder econômico dos agora Barões do Café. Este cenário favorável tornou inevitável a expansão populacional urbana da região. Grandes transformações e avanços começaram a ocorrer, especialmente motivados com o advento da linha férrea. Foram instaladas empresas ao redor da linha férrea, construindo um complexo industrial formado por diversas atividades, como a Levy & Irmãos e sua fábrica de pregos, fósforos e caixas; a Machina São Paulo, que produzia máquinas para o beneficiamento do café; e as que foram crescendo com o tempo, como a Machina Zaccaria e a Machinas D'Andréa.

 

Vista parcial de Limeira

BAIRROS

 

Os primeiros loteamentos datam dos anos 1930, seguindo o fluxo de transformação das grandes fazendas em chácaras familiares. Muitas porções de terras passaram a ser vendidas, criando densos bairros. Ao longo dos anos, a população local foi crescendo e novas necessidades foram se impondo ao tecido urbano. Analisando os registros dos recenseamentos populacionais, foram observados crescimentos expressivos da população de Limeira em algumas décadas. Com o passar dos anos, em especial a partir dos anos 1980, a massa populacional que habitava a região central mudou-se para bairros próximos ou mais periféricos, o que transformou esta área em apenas um espaço de comércio e serviços. Para tanto, os poucos edifícios remanescentes e representativos das etapas de construção urbana da cidade passaram por requalificações complexas para receberem diversos tipos de atividades, perdendo sua originalidade, seu sentido e suas marcas do tempo.

 

 Região Central

 Acervo Câmara Municipal

 

PATRIMÔNIOS

 

O Guia ainda destrincha importantes patrimônios de Limeira. Confira o material completo: https://drive.google.com/file/d/1oaIDRs3kRFd8lEHNY1Yw7NJCNSa6rctJ/view?usp=sharing 

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