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CPIs geram debate na Câmara e vereador dispara: “isso é chapa branca”

A leitura dos requerimentos solicitando a abertura de duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) gerou discussão entre os vereadores na Câmara de Limeira. Os pedidos visam apurar a qualidade dos serviços prestados pela BRK Ambiental, concessionária dos serviços de água e esgoto e pela concessionária de energia elétrica, a empresa Elektro Redes S.A. (Neoenergia). Ambas questionam a qualidade do atendimento na cidade.

 

Com a instalação dessas CPIs, a legislação da Câmara não permite que outras investigações ocorram, o que acabou prejudicando outros pedidos de CPIs, como por exemplo, visando o subsídio de R$10 milhões para o transporte público e a transparência de valores em publicidade repassados para os órgãos de imprensa. O vereador Ceará chegou a lamentar a ‘jogada política’ dos vereadores da base para barrar as investigações, o que chamou de CPI Chapa Branca (composta majoritariamente por aliados do prefeito).

 

Os vereadores Dr. Júlio, Constância Félix e Nilton Santos chegaram a solicitar que as duas CPIs fossem incorporadas em uma só, já que são duas prestadoras de serviço. Waguinho da Santa Luzia também questionou que uma CPI contra a BRK já foi aberta em 2019, o que resultou em um relatório extenso, mas que falta empenho por parte da Prefeitura. A vereadora Constância Félix chegou a citar que vários vereadores não foram informados sobre essas duas CPIs e que também não foram convidados para a reunião que ocorreu na sexta-feira à tarde no gabinete do prefeito Mario Botion.

 

A vereadora destacou que a junção das duas facilitaria na investigação e não prejudicaria a CPI dos R$10 milhões. “O momento em evidência é o transporte e é a transparência nos meios de comunicação, isso que deveria ser investigado agora. Que pelo menos unissem essas duas matérias para que pudéssemos colocar uma outra, que seja do transporte ou que seja da transparência por que essa situação está insuportável”, disse a vereadora.

 

O vereador Ceará, que protocolou a CPI dos R$10 milhões explicou a importância dessa prerrogativa que é um instrumento dos vereadores e que para economizar, deveria sim acoplar as duas para que as demais não fossem prejudicadas. “Sabemos que é uma jogada política, por que enquanto se tem duas CPIs funcionado na Casa, não pode ser aberta outra CPI, a não ser que mudamos o regimento. Precisamos ter cuidado para que o nome dessa Casa não seja jogado na lama, porque tem imprensa que alisa hoje, mas amanhã está condenando e todos vão pagar. Estou com a minha consciência limpa e após o encerramento dessas, que não vão durar o ano inteiro, espero que os vereadores possam investigar de fato onde se tem desperdiçado o dinheiro público. Não quero participar de nenhuma delas, já me manifestei aos vereadores e espero que de fato elas obtenham sucesso”, afirmou.

 

Ceará também comentou que ao investigar a BRK, também será necessário investigar a Prefeitura de Limeira. Já no caso da Elektro, a empresa é estadual e federal, o que para ele, nem caberia investigação por parte do município. “O que não pode é tirar a prerrogativa parlamentar de quem quer trabalhar sempre, sem ser indicado do governo, que é ‘chapa branca’, que é de vereadores escolhidos a dedo pelo Executivo para se prestar a fazer esse papel. Vamos ter cuidado, responsabilidade de não querer usar o nome do Ministério Público para enviar uma CPI que não traz resultado nenhum, que pode ser arquivado e até mesmo denunciado coisas falsas. O feitiço pode virar contra o feiticeiro”, disse.

 

O vereador Elias Barbosa, líder do governo, e quem protocolou a CPI da Elektro defendeu que há interesse da população em se investigar as quedas constantes de energia elétrica. “Nós temos a população sendo prejudicada, empresários 24h sem conseguir trabalhar e nesse sentido, tivemos essa iniciativa por que somos cobrados e em momentos de crise a população cobra muito mais os vereadores e infelizmente a sexta-feira foi de estresse por parte do público limeirense que teve sua energia cessada. Tenho que lembrar aos vereadores que essa concessão está terminando em 2028 e temos que pensar no futuro. Essa questão de ser uma CPI chapa branca ou ser uma CPI pra proteger o governo, isso cabe em qualquer outra CPI, haja vista que as ultimas CPIs foram propostas por vereadores que muitas das vezes votaram mais em projetos do governo do que eu”, afirmou.

 

Elias também citou a CPI dos R$10 milhões, já que os próprios vereadores votaram o projeto que permitiu o subsídio. “Nós já tivemos essa oportunidade de falar sobre isso e agora nós estamos visando, talvez, as eleições de outubro do ano que vem. Entre uma situação que a população clama por melhoras e uma situação que é pensando nas eleições, eu fico com uma situação pensando na população. Entre uma situação é que pra pensar em um ano, eu fico com uma situação que é pra se pensar em 30 anos, onde teremos capacitações melhores de energia elétrica e pensando na cidade. Nos últimos dias nós vimos a mídia local falando sobre essas CPIs e nós vimos o apelo da nossa população por melhorias, por questões com relação as contas da BRK, com relação a energia elétrica e solicitando melhorias”, disse.

 

Ceará respondeu que em momento algum tentou tirar a prerrogativa de algum vereador. “Quando eu falo de CPI trabalhada pelo governo, que é chapa branca, é por que de fato é. Se os colegas vereadores quisessem usar as prerrogativas pra investigar o dinheiro do contribuinte, a gente começaria pelo dinheiro da distribuição à imprensa que ganha quase R$100 mil por mês, isso eu desafio aqui, qual é o vereador que tem a coragem de assinar essa CPI. Vou protocolar hoje e eu desafio quem é que tem a coragem de assinar essa CPI. Sabe por que não assina? Por que o governo não vai deixar. O governo vai pressionar. Vamos falar a verdade para o povo. A prerrogativa é fiscalizar onde está sendo aplicado o dinheiro da população. Nada que um dia após o outro. Limeira saberá a verdade”, disse. O vereador Nilton Santos voltou a solicitar um pedido único de CPI para fiscalizar e investigar os atendimentos da BRK e da Elektro.

 

 

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