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Limeira tem mais de 2 mil crianças sem vagas em creches

Limeira atingiu o total de 2.046 crianças na fila de espera por vagas em creches. O assunto foi comentado e amplamente discutido entre os vereadores durante a sessão ordinária de segunda-feira (16). Outro destaque abordado foi a queda drástica de escolas no município que oferecem período integral. Em 2016, eram 10 escolas na cidade. Hoje, segundo a vereadora Mariana Calsa, apenas 4 escolas oferecem esse ensino. O programa Bolsa Creche também foi discutido, segundo os vereadores, as escolas já não comportam mais a demanda de alunos nesse sistema.

 

A discussão deu início após a leitura do requerimento do vereador Helder do Táxi. No documento, o vereador pede informações de quais são as creches do município que possuem maior fila de espera aguardando vagas; se existe estudo por parte do Poder Executivo em aumentar estas unidades escolares, ou criar novos convênios de bolsa creche nesta região com maior busca por vagas; quantas escolas municipais atendem hoje o período integral; quantas crianças existem aguardando por vaga nestas escolas, tanto transferência como novas vagas e se o Poder Executivo possui planejamento para ampliar as escolas que atendem período integral no município.

 

O vereador Nilton Santos destacou a falta de investimento na Educação, por parte do Poder Público. “Estamos diante de um governo que apresentou um orçamento para o ano de 2024 com a perspectiva de R$2 bilhões nos caixas da Prefeitura e nenhuma construção de creche está apontada no orçamento. Então este requerimento Helder, é muito bom, para que a gente possa pedir que um plano emergencial seja criado dentro da Prefeitura para atender a camada trabalhadora, por que quem quer deixar o filho na creche é para poder trabalhar”, destacou. Nilton chegou a questionar a possibilidade de abertura de uma CPI para investigar as vagas em creche.

 

A vereadora Constância Félilx citou um caso em que uma avó que cuida de 5 netos vem enfrentando dificuldades por não ter vaga em creche para o neto mais novo. A mulher de 55 anos faz faxina e cuida dos netos, pois a filha é usuária de drogas. O mais novo, de apenas 1 ano, não consegue vaga em creche. A mulher precisa custear uma cuidadora e arca com valor de R$500. A vereadora questionou se ela teria ajuda da Prefeitura, e ela informou que apenas recebe uma cesta básica. “A gente fala isso aqui e é como se não falasse nada, por que já sei o que vai acontecer, eu não vou conseguir ajudar. Tudo está em estudo. Cordeirópolis zerou a fila de creche desde 2017 e como que lá consegue? As crianças foram para escolas particulares e atualmente a Prefeitura está fazendo duas creches. Olha a diferença. Em Piracicaba todas as crianças de uniformes, as escolas pintadas, em São Paulo a mesma coisa, em Iracemápolis também deram uniforme. Mas aqui sobra R$5 milhões da Educação e eles dão para empresa de transporte”, disse.

 

Dr. Julio também destacou que em todo gabinete tem reclamação de vagas em creche. Ele também destacou que recebeu a visita de uma mãe solteira, que tem dois filhos e não consegue trabalhar, pois não tem com quem deixar as crianças. “E essa questão da judicialização muitas vezes essas pessoas não tem sequer condições de judicializar o caso. São situações que todos nós vereadores enfrentamos”, disse.

 

“Secretário de Educação já deveria ter ido embora há muito tempo”

 

O vereador Waguinho da Santa Luzia fez duras críticas ao secretário de Educação, André Luis De Francesco. “Quero dizer novamente que o secretário de Educação já deveria ter ido embora há muito tempo e não é de hoje que eu venho falando isso no plenário”, disse. Durante sua fala, Waguinho atualizou o número da lista de espera por vagas em creche. “Sinto lhes informar que existe um novo número de crianças aguardando vagas em creche. Já não são mais 1500 crianças. A lista hoje está em 2.046 aguardando na fila. Quero dizer aos senhores que isso não vai ser resolvido esse ano no município e se quer no ano que vem, por que está em ‘estudo’. Os projetos de construções de creches no Geada e no Rubi, que aliás é uma das perguntas do vereador Helder, já que a região Sul é que a mais necessita de vagas em creche e está em ‘estudo’. Foi a fala do secretário na última reunião. E que raio de estudo é esse que não passa de ano? Tudo que vai perguntar está em estudo”, disse.

 

Waguinho informou que por requerimento aguarda resposta de quantas crianças nessas vagas já ultrapassaram o prazo de 4 meses. “Em Cordeirópolis se comprou vagas particulares, aqui nós temos o Bolsa Creche, que também é outro requerimento se existe pelo município o ‘estudo’ para aumentar as vagas.  Existiam 200 vagas disponíveis no município e 100 pelo programa, mas isso há três meses atrás. Não tem mais onde colocar crianças nas escolas e não somente isso, temos que aumentar professores, monitores, auxiliares. A máquina precisa rodar, mas infelizmente está em ‘estudo’. O que eu posso dizer para essas mães é que já tem uma provocação no Ministério Público para que possa intervir nessa situação do município, por que do jeito que está não dá mais para ficar”, destacou.

 

O vereador Marco Xavier também recriminou a postura da Secretaria e do próprio secretário. “Que tristeza falar da Secretaria de Educação. Temos um secretário que não dialoga com os professores, com os diretores, vice-diretores, coordenadores. Eles precisam recorrer a Câmara Municipal para discutir seus rendimentos e situações que poderiam estar discutindo com o próprio secretário ou com o governo municipal”, disse. “Nós temos um secretário que discordamos há um bom tempo, da maneira dele trabalhar, principalmente em relação as vagas de creches. Estamos cobrando frequentemente para que tenha uma solução, mas não há nenhuma alternativa, nem aproveitando as maneiras como a legislação do bolsa creche. Temos um secretário que não consegue oferecer material escolar aos alunos, que não consegue fornecer uniformes, que não consegue fornecer vagas de creche. Como fica a situação dos vereadores que faz esse trabalho de fiscalização, principalmente da comissão de educação? Qual a resposta que o prefeito dá para manter esse secretario ainda trabalhando? O que precisa para o governo Mario Botion olhar que dessa maneira de trabalhar e agir não deu certo? Por que se tivesse dado certo nós teríamos números favoráveis para apresentar para a população. Estamos falando do básico para as nossas crianças. De prédios públicos abandonados que poderiam se tornar creche, e que já foram creches. Temos aqui apresentado mais de 2 mil vagas de creche e como é difícil atender uma família que precisa dessa vaga. Como que nós vereadores conseguiremos terminar o nosso mandato se não conseguimos de fato mostrar uma qualidade melhor na educação? Que nós temos um secretário que não consegue apresentar resultados e dialogar, ou o básico pelo menos? Que o governo olhe com carinho para as pessoas que trabalham e que precisam dessas vagas. Essa é minha provocação”, destacou.  

 

Cai número de escolas municipais em tempo integral 

 

A vereadora Mariana Calsa adiantou algumas respostas com base em requerimentos anteriores para dar transparência para a população e relatou problemas enfrentados pelas escolas que oferecem o Bolsa Creche. “A gente tem recebido muitas queixas, de quem trabalha com Bolsa Creche de uma possível descontinuação do serviço. Esse serviço tem sido precarizado e não podemos deixar que isso aconteça, diante da necessidade do município, a gente precisa fomentar para que o Bolsa Creche continue”, disse.

 

Sobre as escolas do município que oferecem período integral, Mariana informou que com base em um material do CPP, em 2016, haviam 10 escolas em tempo integral. Hoje apenas 4 escolas municipais oferecem. Já com relação as creches, são 29 unidades,. Atualmente as escolas municipais que oferecem ensino integral são: EMEIEF Aracy Nogueira Guimarães, EMEIEF Profª Maria Aparecida De Luca Moore, EMEIEF Ary Gomes De Castro, Tenente Aviador e EMEIEF Maria Apª Machado Julianelli (Mariazinha).

 

“É um número muito baixo, sabendo que com orçamento inferior se fazia mais. Agora com um orçamento de R$ 2 bilhões a gente pode fazer pelo menos o que se fazia em 2016 que é se chegar nas 10 escolas que haviam. Precisamos olhar para isso, que o Executivo retome este trabalho. Alguma coisa não está certa, diminuir de 10 para 4 escolas, uma fila de crianças buscando vagas em creche. Espero que essa provocação gere alguma movimentação”, destacou.

 

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