Um ato coletivo proposto pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio de sua Rede de Enfrentamento ao Racismo, mobilizou prefeituras do estado de São Paulo para a assinatura de adesão ao projeto "Cidades Antirracistas". Entre os municípios, Limeira assinou o projeto que propõe a implementação de políticas e estruturas necessárias para os municípios aderirem ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR).

No documento, segundo o Ministério Público de São Paulo, as cidades se comprometem a dar materialidade ao Estatuto da Igualdade Racial, estimulando os municípios a criar estruturas voltadas ao combate ao racismo, o que inclui órgão de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Conselho de Promoção da Igualdade Racial e Plano de Promoção da Igualdade Racial, como prevê a legislação.

Participaram da assinatura, a presidente do Conselho Municipal dos Interesses do Cidadão Negro (Comicin), Ewelyng Teodoro, o Secretário de Cultura, José Farid Zaine e a vice-prefeita Erika Tank. De acordo com a presidente do Conselho destacou que o Pacto é de suma importância para cidades que se propõem a mudar as estruturas racistas que as cercam. “Limeira deu um grande passo assinando o Pacto Coletivos por Cidades Antirracistas promovido pelo Ministério Público. Foram estabelecidos critérios que as cidades deverão cumprir pela assinatura deste Pacto e que colocam políticas públicas para o cidadão negro no centro das discussões pela igualdade racial”, destaca.

Em entrevista para Gazeta, Ewelyng destacou que com a participação, Limeira se colocou à frente de muitas cidades no combate ao racismo estrutural. “Considerando que já temos um Conselho Municipal que tem por finalidade a Igualdade Racial, precisamos agora estabelecer metas e um planejamento estratégico que atenta as demandas mencionadas no acordo com o Ministério Público”, destacou.

A presidente do Comicin ainda destacou que parte destas demandas já haviam sido colocadas em mesa na Câmara Municipal e em reunião com o prefeito por parte do Comicin. “Então temos um potencial enorme em transformar Limeira em uma cidade efetivamente antirracista”, afirmou. 

PALESTRA

Acontece hoje, às 9h, na Câmara Municipal, a palestra “Nossa saúde, nossa voz: desafios e prioridades para a saúde da população negra”. A iniciativa tem parceria com a Unimed Limeira. O evento é voltado aos profissionais de saúde das redes pública e privada, conselheiros e lideranças do movimento negro.

A palestrante será a doutora e mestre em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Nutrição da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Rayane Freitas. Ela atua com foco na saúde da população negra e autocuidado de mulheres negras.

Ewelyng destacou que um dos objetivos do evento é demonstrar a importância de políticas públicas para os cidadãos negros. “É entender que a população negra precisa de mais humanização no atendimento de saúde, pensando exatamente na transversalidade da população negra e como a raça atravessa a população”, observa Ewelyng.

Ainda de acordo com Ewelyng, a ideia da palestra é também enfatizar que há outras doenças que acometem a população negra, além da anemia falciforme, e que é importante a capacitação dos profissionais para atender essas individualidades. “A Secretaria de Saúde nos recebeu muito bem e seguiremos na busca dessas políticas públicas de maneira permanente”, finaliza.