“Gastaram milhões e a água continuou invadindo nossas lojas”
Os piscinões inaugurados em julho deste ano em Limeira
não foram suficientes para conter os estragos causados pela forte chuva que
atingiu a cidade na noite de segunda-feira (2). Segundo a Defesa Civil, em
apenas uma hora o volume de água acumulado no Centro foi de 90 milímetros, o
que provocou alagamentos e quedas de árvores. A tempestade, considerada
atípica, afetou diversas áreas do município, causando prejuízos significativos
para moradores e comerciantes.
De acordo com o secretário municipal de Obras, Dagoberto
Guidi, os reservatórios amenizaram os danos, mas não foram capazes de evitar o
transbordamento. “A solução definitiva exige mais investimentos para tratar a
condução das águas até o Ribeirão Tatu e ampliar sua calha, de forma a suportar
chuvas de maior intensidade em menos tempo”, explicou em entrevista para a
imprensa. “A área entre as ruas Duque de Caxias e Barão de Campinas foi
construída sobre um córrego, o que já era um erro estrutural.”
Os dois piscinões, que juntos têm capacidade para
armazenar 9 milhões de litros de água, foram construídos ao custo de R$ 29
milhões e integrados a outras obras de drenagem, como a recomposição de
galerias e a fundação do Mercadão. Mesmo assim, o impacto da chuva superou as
expectativas. Guidi relatou ainda que um terceiro piscinão, inaugurado em anos
anteriores e com capacidade de 10 milhões de litros, também transbordou pela
primeira vez. “Foi uma chuva completamente fora do comum”, enfatizou.
Imagens capturadas por moradores mostraram ruas alagadas,
portões de reservatórios rompidos e veículos sendo arrastados pela correnteza.
No comércio, os prejuízos foram severos. Um dos comerciantes relatou
frustração. “Antes dessa obra, não acontecia isso. Construímos o
estabelecimento 45 centímetros acima do nível da rua, mas agora a água entra
mesmo com pouco tempo de chuva”, desabafou. Outros comerciantes também
registraram perdas, como uma loja de eletrodomésticos que teve ao menos sete
geladeiras arrastadas para dentro de um piscinão.
O Mercado Modelo, estabelecimentos comerciais e
residências ficaram submersos, obrigando moradores e comerciantes a lidar com
lama e perdas materiais. Um comerciante relatou indignado: “Gastaram milhões e a água continuou invadindo
nossas lojas. Quem vai arcar com o prejuízo? Não podemos mais confiar nessas
obras.”
Um dos comércios mais afetados foi uma loja de móveis
usados localizada próxima a um dos reservatórios. O proprietário contabilizou a
perda de pelo menos sete geladeiras, que foram arrastadas pela correnteza para
dentro do piscinão. “Foi um caos. A água entrou
com tanta força que arrancou os portões do reservatório. Agora estamos limpando
lama e tentando salvar o que restou”, disse.
O temporal não se limitou ao Centro. No Jardim Vista
Alegre, ruas como Antônio Lucato, José Augusto de Oliveira e Vito Mastrocola
também sofreram com alagamentos. A Avenida Flávio Roque da Silveira, que conecta
o Anel Viário ao Jardim Ipiranga, foi interditada devido ao acúmulo de água. Na
manhã de ontem, equipes de limpeza concentraram esforços na remoção de árvores
caídas e na limpeza de ruas e avenidas, buscando minimizar os transtornos para
a população.
Enquanto os trabalhos de recuperação seguem, comerciantes
e moradores cobram ações mais efetivas para evitar novos prejuízos em períodos
de chuva intensa. “A obra foi vendida como uma solução definitiva, mas não
trouxe segurança. Só resta torcer para que não chova mais”, disse.
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