
"A situação é talvez a mais grave da história de Limeira"
A greve dos servidores municipais de Limeira, organizada
pelo Sindicato dos Funcionários e Servidores Públicos Municipais de Limeira
(SINDSEL), em conjunto com o Sindicato dos Guardas Municipais (Sinde-guarda) e
a APEOESP, seguiu nesta quinta-feira (27) no Paço Municipal com menos adesão se
considerado ao primeiro dia de greve.
A Prefeitura de Limeira lamentou a paralisação de serviços
essenciais, especialmente após decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJ-SP), que determinou a manutenção de 70% do efetivo nas áreas consideradas
essenciais. Os serviços essenciais não foram mantidos e prejudicou boa parte
dos atendimentos a população.
O prefeito Murilo Félix comentou sobre a greve, a
situação financeira do município e as dificuldades enfrentadas para conceder
reajustes salariais. O prefeito disse que vai
descontar dias em falta de grevistas. "Nós tínhamos uma ideia de
que a situação era crítica. O que nós não sabíamos era que a situação era
talvez a mais grave da história de Limeira. E isso só fomos descobrir depois
que eu assumi a prefeitura. Muitas informações não foram disponibilizadas para
a equipe de transição, e nós tivemos ciência disso ao longo do mês de janeiro.
Tanto que fiz o decreto de emergência financeira", afirmou.
O prefeito destacou que sua gestão tem como compromisso a
eficiência e o equilíbrio das contas públicas, evitando assumir compromissos
que o município não tem condições de pagar. "O que nós estamos fazendo na
Prefeitura de Limeira é colocar a casa em ordem, trazendo o equilíbrio fiscal.
De forma nenhuma eu posso aceitar irresponsabilidade na gestão municipal, assumindo
compromissos que não podemos pagar. Eu sempre disse que o nosso governo seria
eficiente, e estamos fazendo isso. É importante destacar que quem faz a
prefeitura funcionar é o servidor municipal, e eu respeito isso. Mas também
precisamos entender a realidade financeira do município", declarou.
Murilo Félix ressaltou que, logo no início do mandato,
exonerou cargos comissionados, gerando uma economia de cerca de R$ 50 milhões,
além de outras medidas de contenção de gastos. "Se eu não tivesse tomado essa
atitude, nós não teríamos recursos para pagar a folha de fevereiro. Isso é
responsabilidade. Estamos diante de uma crise financeira. Temos dívidas a serem
pagas, como a do Cines e do Instituto de Previdência Municipal (IPML), que
foram sendo parceladas por administrações anteriores. Mas essa conta chegou
para nós. Eu não posso ser irresponsável e assumir compromissos que vão nos
prejudicar no futuro", disse o prefeito.
Segundo ele, cálculos atuariais recentes indicam que, se não
houver um aporte financeiro ao longo dos próximos quatro anos, o rombo no IPML
pode ultrapassar R$ 170 milhões até 2027.
"E quando eu falo de Previdência, eu falo de respeito ao servidor,
porque esse dinheiro é para a aposentadoria dos servidores. Se fizermos um
reajuste acima do que podemos pagar, esse rombo será ainda maior",
pontuou.
Murilo Félix reforçou que a administração municipal
continuará focada em medidas de contenção de gastos. "Nós exoneramos
cargos comissionados, entramos com ação contra a empresa de ônibus, geramos
economia na folha de pagamento. Mas precisamos continuar focados na
responsabilidade fiscal. Eu não vou empurrar dívida para frente. Quero assumir
compromissos e pagá-los", afirmou.
O prefeito destacou que a Prefeitura de Limeira já paga um
piso salarial maior do que o estabelecido pelo governo federal para o
Magistério. "O piso municipal já é maior que o nacional. O reajuste
obrigatório é para os municípios que seguem o mínimo estabelecido pelo governo
federal. Como nosso piso já é maior, temos essa autonomia. Mas mesmo assim,
estamos aplicando o máximo que conseguimos dentro do orçamento",
disse.
Por fim, Murilo Félix reforçou que sua gestão continuará
dialogando com os servidores, mas que decisões serão tomadas com
responsabilidade. "Eu sei que é
difícil tomar decisões como essa. Como eu sempre digo, é um remédio amargo, mas
necessário. Nós temos quatro anos de trabalho pela frente e eu peço união para
que possamos reorganizar a prefeitura", concluiu.
Prefeito fala sobre o
aumento de 85% nos salários
Murilo também se manifestou sobre o aumento de 85% nos
salários do prefeito, vereadores e secretários, aprovado em 2023, e abordou as
dificuldades financeiras enfrentadas pela administração municipal. Ele destacou
medidas de economia e reafirmou seu compromisso com os servidores públicos. A questão vem gerando forte repercussão,
especialmente em meio à greve dos servidores municipais, que reivindicam
melhores condições salariais.
"A primeira
coisa é que os servidores, mais de mil servidores, vão passar a receber este
ano os R$ 200 do Vale Alimentação. Isso é algo que foi votado no governo
passado e, mesmo nós não tendo caixa para isso, vamos ter uma dificuldade.
Estamos honrando com o que foi acertado. Segundo, por respeitar o servidor
municipal, não estamos fazendo reajuste do salário dos cargos comissionados e
exoneramos mais de 400 cargos comissionados para que pudéssemos honrar a folha
de pagamento do servidor municipal", afirmou Murilo.
Sobre os
direitos dos servidores municipais, Murilo destacou o plano de carreira:
"O servidor tem o plano de carreira. Meu pai era prefeito e lembro bem
disso. A cada três anos, eles ganham 0,75% de aumento e, a cada cinco anos,
para aqueles que mantêm a frequência, recebem mais 5%. Então, eles também têm
esse reajuste. Meu compromisso e da minha família é com os servidores, mas,
neste momento, preciso trabalhar em cima do que tenho".
Ao abordar o
reajuste salarial aprovado no governo anterior, Murilo reforçou sua posição
contrária: "Esse reajuste já foi aprovado pelo prefeito anterior. Eu fui
contra, mas já existe. A Câmara Municipal tomou a atitude de devolver recursos
para a prefeitura. Os vereadores têm sua autonomia, e eu respeito. Recentemente
estive na Câmara e entendo que eles estão respeitando o momento que estamos
passando".
Quando
questionado sobre a possibilidade de suspender os efeitos da Lei que aumentou
os subsídios dos agentes públicos, Murilo afirmou que juridicamente não pode,
mas disse estar aberto ao diálogo: "Estou apto a conversar e encontrar uma
solução”, disse. O prefeito destacou o impacto financeiro da medida: "O
que eles estão propondo vai gerar um impacto de R$ 36 milhões de reais, entre
R$2,2 milhões por ano. Não há como fechar a conta. Posso cortar recursos da imprensa,
cortar outros gastos, mas a conta não fecha".
Murilo comparou
a remuneração com a iniciativa privada: "Um médico na iniciativa privada
ganha muito mais do que um secretário municipal, que assume responsabilidades,
assina contratos e herda as dificuldades da gestão". O prefeito ressaltou
a necessidade de planejamento financeiro a longo prazo: "Não podemos ser
hipócritas. Estamos discutindo R$2 milhões de reais, mas preciso que todos me
ajudem a encontrar soluções para os R$ 167 milhões de reais que devo ao IPML,
os R$ 125 milhões de reais do ano passado e os repasses para a Santa Casa e a
Humanitária, que seguem salvando vidas. Pequenos movimentos políticos não vão
resolver a situação da prefeitura. O que estou trazendo são estratégias de
gestão para colocar as contas em ordem a médio e longo prazo. Vocês têm o meu
respeito".
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