
“Queremos uma Limeira mais moderna e inclusiva”
Há uma semana à frente da recém-criada Secretaria de Tecnologia e Eficiência da Prefeitura de Limeira, o secretário Roger Willians já traçou um diagnóstico contundente: é preciso acelerar a transformação digital da cidade, aumentar a eficiência dos serviços públicos, fortalecer a inclusão digital e criar uma ponte sólida entre o setor público e o pujante ecossistema tecnológico local.
Natural de Americana e com larga experiência na área pública – foi subsecretário de Estado e chefe de gabinete na Secretaria de Inovação e Tecnologia do governo estadual –, Roger chegou à pasta após convite do prefeito Murilo Felix, com quem construiu uma relação próxima ainda no tempo em que Murilo atuava como deputado estadual. “Quando ele soube que eu vinha da chefia de gabinete da secretaria de inovação em São Paulo, me disse que isso estava no plano de governo dele e que via um alinhamento com o que queria para Limeira”, contou o secretário.
Uma das principais missões da nova pasta será implementar de forma plena o decreto Limeira Digital, publicado em 2023, mas ainda longe de ser efetivado. A meta é abolir gradualmente o uso de papel na administração pública e digitalizar todos os processos internos da Prefeitura. “Hoje a máquina ainda é muito analógica. Tem muito papel tramitando entre secretarias. Isso torna o processo lento, ineficiente e caro”, explica Roger. Um dos exemplos citados é a aquisição de uma simples caneta, que passa por diversas etapas manuais entre as secretarias. “A digitalização permite que isso tudo seja feito em segundos, com mais transparência e eficácia”, afirma.
Segundo ele, um diagnóstico dos sistemas utilizados pelas secretarias já está em andamento. A ideia é uniformizar as plataformas e fazer com que todas conversem com o sistema principal da Prefeitura. “Hoje, cada secretaria tem seu próprio sistema e nem todos têm conexão. Isso dificulta o controle e a transparência”, pontua.
Outro eixo central da gestão de Roger será a inclusão digital, sobretudo entre a população mais vulnerável. Com mais de 33 mil famílias inscritas no CadÚnico em Limeira, o secretário alerta para a necessidade urgente de criar acesso gratuito à internet em espaços públicos. “Essas famílias muitas vezes têm que escolher entre pagar a conta de água e garantir a alimentação. Elas não condições de ter uma conta de dados móveis. A inclusão digital é também uma questão de dignidade. Temos que garantir que ao menos em praças, UBSs e escolas, a população tenha wi-fi público gratuito e de qualidade”, afirma.
A secretaria já estuda formas de retomar um projeto de internet pública que foi interrompido anos atrás por falta de viabilidade econômica. “A ideia é firmar parcerias sustentáveis com empresas privadas para viabilizar esse acesso sem custos para o município”, disse. Além disso, está nos planos criar laboratórios públicos de tecnologia, com acesso descentralizado e voltados a diferentes públicos. Desde espaços básicos, onde qualquer cidadão possa aprender a usar o Word ou simplesmente acessar a internet, até ambientes mais sofisticados com cultura maker, impressoras 3D e robótica. “Queremos apoiar desde o cidadão que está no batismo digital até os que já estão mais avançados. A educação tecnológica começa na base”, diz Roger.
Um dos pontos críticos apontados pelo secretário é a baixa qualidade da conectividade na cidade. “Logo que cheguei, já percebi problemas de sinal de celular em várias regiões. Fizemos um levantamento e identificamos apenas 49 antenas ativas na cidade, distribuídas entre seis operadoras. Isso é muito pouco para o tamanho de Limeira”, alerta. Ele já iniciou contato com operadoras e com a Anatel para cobrar melhorias. “Vamos convocar as teles para conversar. Precisamos saber o que falta para que elas instalem mais antenas. A ausência de conectividade impacta diretamente na qualidade de vida da população e na competitividade da cidade”, disse.
Outra ação em andamento é a reformulação do canal 156, responsável por registrar pedidos da população à Prefeitura, como solicitações de poda, buracos e denúncias. Atualmente, o acesso ao 156 é considerado pouco intuitivo, exigindo que o cidadão baixe um aplicativo externo, que não é vinculado diretamente ao sistema da Prefeitura. “Estamos fazendo as interfaces necessárias para que ele passe a gerar protocolos oficiais e envie retorno ao cidadão por SMS e e-mail. Também vamos produzir um aplicativo próprio da Prefeitura, com uma área integrada de atendimento, pedidos e denúncias. Isso deve facilitar muito o contato do cidadão com o poder público”, adianta Roger.
Segundo ele, essa medida é fundamental para aproximar a população da gestão municipal. “A Prefeitura precisa estar disponível na palma da mão do cidadão. Não podemos obrigá-lo a sair de casa ou do trabalho para fazer um pedido simples. Quanto mais agilidade e facilidade, maior a confiança no serviço público”, disse. A Secretaria de Tecnologia e Eficiência também terá um papel de articulação com o setor econômico, especialmente as empresas e instituições ligadas à inovação e à tecnologia. Roger já iniciou diálogo com empresários e destacou o papel de espaços como a Fábrica de Inovação, Unicamp e a futura Fatec de Limeira.
“Limeira já é conhecida como terra da laranja e do
folheado. Mas ela pode também ser reconhecida como um polo tecnológico. Para
isso, precisamos criar condições. Incentivar o setor, criar legislações
específicas para fomentar startups e atrair empresas. Tudo isso contribui para
transformar Limeira em uma Smart City, uma cidade inteligente”, afirma.
O secretário pontua que este primeiro ano será de diagnóstico e planejamento. “Nosso foco agora é estudar, conversar, ouvir os servidores, o setor privado e a população. Vamos preparar o terreno, estruturar os sistemas, fomentar a cultura digital, e a partir do segundo ano, buscar entregas concretas e começar a mirar certificações de cidade inteligente”. Ele reforça que a Secretaria de Tecnologia e Eficiência é uma secretaria-meio, ou seja, atua transversalmente para apoiar todas as outras. “Já me reuni com quase todos os secretários. Todos têm uma demanda tecnológica. A gente pode ajudar a maturar os projetos, padronizar, tornar mais eficientes. É com essa mentalidade que vamos trabalhar”, disse.
Em sua avaliação da primeira semana no cargo, Roger é
direto: “Vi que temos muito a fazer, mas também que temos potencial e vontade.
E isso já é meio caminho andado”.
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