
Mães enfrentam desafios, mas amamentar vale a pena
Durante
o mês de agosto, diversas campanhas destacam a importância do aleitamento
materno, e a mobilização conhecida como Agosto Dourado ganha força nas unidades
de saúde, maternidades e espaços de acolhimento materno-infantil. A campanha
tem como objetivo conscientizar a população sobre os benefícios do leite
materno e reforçar que amamentar é um ato natural, poderoso, mas que também
pode exigir orientação, acolhimento e apoio especializado.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam que o
aleitamento materno seja exclusivo até os seis meses de vida, sem a introdução
de água, chás ou quaisquer outros alimentos. A partir dessa idade, deve-se
iniciar a introdução alimentar, mantendo o leite materno como complemento até,
pelo menos, os dois anos de idade. Essa prática, segundo especialistas, garante
que o bebê receba todos os nutrientes de que precisa nos primeiros meses,
fortalece o sistema imunológico, previne doenças respiratórias e
gastrointestinais, e contribui de maneira decisiva para o desenvolvimento
neurológico e emocional da criança.
Além
de todos os ganhos para o bebê, amamentar também beneficia a mãe. A prática
auxilia na recuperação pós-parto, fortalece o vínculo afetivo com o filho e
reduz o risco de desenvolvimento de câncer de mama e de ovário. A amamentação
também libera hormônios como a ocitocina, que ajudam na sensação de bem-estar
da mãe, promovem o apego e diminuem o risco de depressão pós-parto.
A
maternidade de Bruna Bassan, mãe da pequena Olga, é um exemplo vivo da conexão
intensa que o aleitamento proporciona. "Não dá para listar aqui todos os
benefícios e a importância do aleitamento materno, mas um deles, com certeza, é
o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê, promovendo segurança e bem-estar
emocional. São momentos incríveis na maternidade. Olhar para a minha filha
saciando sua fome e saber que estou suprindo suas necessidades faz de mim a
pessoa mais feliz do mundo", compartilha.
No
entanto, nem sempre o processo de amamentar acontece de forma simples ou sem
dificuldades. Muitas mulheres enfrentam dúvidas, dores e inseguranças,
principalmente nos primeiros dias após o parto. A enfermeira Bruna Celano,
explica que os desafios são comuns e podem ser superados com informação,
orientação correta e apoio.
Um
dos problemas mais frequentes é a pega incorreta do bebê, que pode provocar dor
intensa, fissuras nos mamilos e baixa eficiência na sucção. “Sinais como
bochechas encovadas, mamilo achatado ao final da mamada e boca pouco aberta
indicam que algo não está certo”, esclarece a enfermeira. A orientação, nesses
casos, é estimular a abertura ampla da boca do bebê e garantir que ele abocanhe
não apenas o mamilo, mas uma boa parte da aréola, com o queixo encostado na
mama.
Outro
desconforto relatado por muitas mulheres é a dor ao amamentar, geralmente
causada por pega inadequada, má posição do bebê ou uso precoce de bicos
artificiais como chupetas e mamadeiras. “O bebê deve estar bem alinhado ao seio
da mãe. E uma dica importante é hidratar o mamilo com o próprio leite após a
mamada, o que ajuda na cicatrização e prevenção de feridas”, orienta Bruna.
A
sensação de ter pouco leite também é uma queixa recorrente, principalmente nos
primeiros dias de vida do bebê, quando o corpo da mãe ainda está produzindo o
colostro — um leite mais ralo, porém extremamente rico em anticorpos e
nutrientes. A chamada “descida do leite” acontece, em geral, entre o terceiro e
o quinto dia após o parto, e pode vir acompanhada de ansiedade e dúvidas. “É
fundamental manter a amamentação em livre demanda, ou seja, sempre que o bebê
quiser mamar, e cuidar da hidratação da mãe. Isso ajuda muito na manutenção da
produção de leite”, afirma a profissional.
A
amamentação é um ato natural, mas isso não significa que ele seja fácil ou
instintivo para todas. Por isso, a existência de uma rede de apoio — formada
por profissionais de saúde, familiares e pessoas próximas — é essencial para a
segurança e o bem-estar emocional da mãe. “A escuta acolhedora, o incentivo e a
orientação adequada são fundamentais para que a mãe se sinta segura e
confiante. Muitas vezes, uma simples conversa pode mudar toda a experiência com
a amamentação”, reforça Bruna.
Sempre
que surgirem dúvidas ou dificuldades, buscar ajuda profissional é o melhor
caminho. Enfermeiras obstétricas, pediatras e consultoras de amamentação estão
aptas a identificar problemas, corrigir práticas e garantir uma jornada mais
tranquila e prazerosa. “O acompanhamento especializado pode evitar complicações
como mastite, fissuras persistentes ou desmame precoce, e contribuir para uma
vivência mais leve e positiva da maternidade”, finaliza a enfermeira.
Comentários
Compartilhe esta notícia
Faça login para participar dos comentários
Fazer Login