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Festas de fim do ano aumenta consumo abusivo de álcool

Festas de fim do ano aumenta consumo abusivo de álcool 

Psiquiatra destaca impactos em tratamentos e saúde mental


Elis Monfardini


O fim do ano traz uma combinação intensa de celebrações, expectativas emocionais e mudanças de rotina. Relatórios nacionais e internacionais mais recentes, como o Vigitel do Ministério da Saúde e o Relatório Global sobre Álcool e Saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde), mostram que o consumo abusivo de álcool cresce de forma expressiva nesse período, chegando a aumentar até vinte por cento em algumas capitais brasileiras.


O cenário também coincide com maior risco de recaídas entre pessoas em tratamento ou com histórico de dependência.

Para a psiquiatra Aline Sena da Costa Menêzes, a vulnerabilidade tende a crescer justamente porque o período ativa estímulos conhecidos e emoções acumuladas. Ela explica que muitos pacientes que mantiveram estabilidade ao longo do ano podem sentir a pressão do contexto festivo.


Segundo ela, as festas ampliam a sensação de permissão para beber e reduzem o senso de limite. “Pacientes que estavam bem podem ser surpreendidos por gatilhos emocionais que não apareciam há meses”, explica.

 

O Relatório Global sobre Álcool e Saúde aponta que 41% dos adultos relataram episódios de consumo abusivo em interações sociais no último ano. Já o Relatório Mundial sobre Drogas do UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime) destaca que datas festivas costumam intensificar vulnerabilidades, especialmente no primeiro ano de tratamento.


Na visão da especialista, esse movimento é previsível e deve ser enfrentado com informação e suporte adequado. Ela afirma que não se trata apenas de estatística. “Para quem está em tratamento, um fim de semana prolongado ou um encontro de família pode representar um desafio emocional enorme. Reconhecer isso ajuda a organizar estratégias de proteção antes que os riscos aumentem”, destaca a Dra. Aline.


O período festivo também é delicado para adolescentes e jovens adultos. A OMS reforça que o início precoce do consumo aumenta a probabilidade de dependência na vida adulta e aponta que festas abertas, viagens e eventos com pouca supervisão favorecem experimentação e excessos. Segundo a médica, conversas abertas e orientação direta ajudam a reduzir riscos. Ele comenta que muitos jovens bebem para se sentir pertencentes ao grupo. “Quando os adultos deixam claro que não há obrigação para beber e explicam os efeitos no organismo, isso já diminui a pressão social”, esclarece a especialista.

 

Mudanças bruscas de humor, isolamento, consumo escondido, perda de controle sobre a quantidade ingerida e episódios de memória falha são sinais importantes. Para quem já está em tratamento, sensações de desgaste emocional, conflitos familiares, ansiedade aumentada ou sentimento de obrigação social para beber exigem atenção adicional.

 

Para reduzir riscos durante as festividades, a médica recomenda que pacientes e familiares planejem previamente situações que possam causar desconforto. Ela orienta que identificar gatilhos antes das festas, organizar alternativas sem álcool e combinar palavras-chave com pessoas de confiança pode ajudar muito. “Pequenos ajustes fazem diferença no final”, alerta.


A psiquiatra reforça ainda que buscar ajuda rapidamente ao notar sinais de vulnerabilidade é fundamental. Intervenções precoces evitam recaídas prolongadas e impedem a evolução para quadros mais graves. “Passar pelas festas de fim de ano com segurança é totalmente possível quando existe apoio consistente e uma rede preparada para acolher”, finaliza.


LIMEIRA


Em Limeira, diversas instituições oferecem suporte para dependentes químicos. Segundo relatos, a procura por grupos de apoio tem diminuído nos últimos anos, mas ainda há opções para aqueles que buscam ajuda.  


O Alcoólicos Anônimos (A.A.) também está presente na cidade, promovendo reuniões e encontros de ajuda mútua para aqueles que desejam parar de beber. Qualquer pessoa com esse objetivo pode participar, sem necessidade de inscrição formal.


Os grupos de A.A. em Limeira incluem:  Boa Vista (Av. Mogi Mirim, 701); Central (Av. Ana Carolina, 650); São Cristóvão (Rua João Borges Sampaio, s/n) e Viva a Vida (Av. Jaime Cheque, 372, Parque Nossa Senhora das Dores). O A.A. também oferece encontros virtuais. Mais informações estão disponíveis no site oficial: www.aa.org.br.

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