
Moção de aplausos gera polêmica na Câmara de Limeira
A Moção de Aplausos ao Grupo Bandeirantes de Comunicação,
apresentada pela vereadora Isabelly Carvalho, gerou debate na sessão de ontem
da Câmara de Limeira. A proposta reconhece a decisão da TV Bandeirantes de
afastar o narrador Sérgio Maurício após a repercussão de uma postagem atribuída
a ele na rede social X (antigo Twitter), em que a deputada federal Erika Hilton
foi chamada de “fake news humana, essa coisa”. A publicação foi considerada
transfóbica, e a vereadora defendeu que a emissora agiu corretamente ao não ser
conivente com discursos de ódio.
A moção foi aprovada por 11 votos favoráveis e três
contrários. Os vereadores Anderson Pereira, Estevão Nogueira e Lemão da Jeová
Rafá votaram contra, argumentando que a punição ao narrador representava uma
restrição à liberdade de expressão.
Durante a discussão da proposta, Isabelly Carvalho
destacou que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo e que
discursos de ódio contribuem para essa violência. “Esse apresentador chamou a
deputada Érika Hilton de ‘coisa’. Isso é uma fala que desumaniza. O que estamos
fazendo aqui é um debate sobre dignidade humana. Não podemos permitir que esse
tipo de violência continue, seja dentro ou fora da televisão, dentro ou fora da
internet”, afirmou.
O vereador Anderson Pereira criticou a moção e
classificou o caso como "mimimi". “O primeiro mimimi de 2025 foi dado
start aqui. Se alguém tivesse me chamado de coisa, teria entrado por um ouvido
e saído pelo outro. Mas se vitimizar traz palanque, traz holofote, traz
aplauso. Essa turminha de 1% da população gosta disso”, declarou.
Lemão da Jeová Rafá também se posicionou contra. “Hoje em
dia tudo é vítima. Eu sou chamado de alemão, de limão, e tudo bem. Mas se
alguém fala algo de outra pessoa, já querem acabar com a carreira dela. É
sempre a mesma coisa, a mesma narrativa”, disse.
Estevão Nogueira reforçou a ideia de que o narrador não
deveria ser punido. “Foi uma publicação em sua rede pessoal. Todo o histórico
de trabalho dele foi jogado na lata do lixo por uma fala. Isso é perda de
liberdade de expressão.”
Por outro lado, Waguinho da Santa Luzia defendeu a moção.
“Não é mimimi. Quem sente na pele sabe disso. O narrador depois veio dizer que
‘lamenta profundamente’. Mas e o estrago que ele causou? E a marca que vai
ficar para a deputada? Precisamos combater esse tipo de preconceito, não minimizar”,
afirmou.
Isabelly rebateu as falas contrárias à moção e disse que
o discurso de ódio não pode ser confundido com liberdade de expressão. “A
extrema direita adora fingir que não entende. Discurso de ódio não é liberdade
de expressão. Ele termina quando desumaniza, quando ataca. E mais uma vez eu
digo: o Brasil segue avançando, apesar do conservadorismo de alguns. A
população trans tem direito à identidade, e nosso mandato segue trabalhando por
isso.”
A vereadora Tatiane Lopes, que presidiu a sessão,
encerrou a votação reforçando a importância do debate sobre preconceito. “A
internet não é terra sem lei. Isso não é mimimi para quem sente na pele.
Precisamos ter respeito e consciência de que palavras têm impacto.”
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