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"HIV ainda contamina e mata, especialmente os jovens"

A epidemia de HIV/AIDS, que marcou as décadas de 1980 e 1990, ainda é um tema relevante para a saúde pública, com números alarmantes no Brasil: uma nova infecção a cada cinco horas e um óbito a cada 48 minutos.

 

A AIDS é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês). Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. O vírus é capaz de alterar o DNA dessa célula e fazer cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.

 

Apesar dos avanços no tratamento, o HIV continua representando um grande desafio, especialmente em relação à conscientização e à prevenção. A seguir, a infectologista da Unimed Limeira, Dra. Maria Beatriz Bonin Caraccio, aborda os principais pontos sobre o HIV, incluindo prevenção, tratamento e os desafios enfrentados atualmente.

 

Confira:

 

Como o HIV impactou a sociedade nas últimas décadas?
"A AIDS foi uma epidemia muito marcante nas décadas de 80 e 90, com muitas mortes e muito estigma. Nesse período, muitos homens homossexuais e usuários de drogas injetáveis foram contaminados e morreram. Depois, a transmissão heterossexual se tornou predominante. Contudo, ao longo dos anos, o tema entrou em um estado de esquecimento, como se as pessoas acreditassem que não há mais riscos."

 

Como o HIV é transmitido, e por que ainda há tantos casos no Brasil?
"O modo de transmissão é amplamente conhecido, sendo a atividade sexual desprotegida, especialmente com múltiplos parceiros, o principal fator. No entanto, muitas pessoas acreditam que 'isso nunca vai acontecer com elas'. Esse pensamento é um dos maiores riscos, pois leva ao descuido. No Brasil, temos números alarmantes: uma nova infecção ocorre a cada cinco horas, e um óbito é registrado a cada 48 minutos."

 

Quais são os avanços no tratamento e como eles ajudam no combate ao HIV?
"O tratamento teve uma evolução enorme. Quando o diagnóstico é feito precocemente e o tratamento é iniciado rapidamente, conseguimos bloquear a multiplicação viral. Isso traz dois grandes benefícios: a pessoa demora muito mais para desenvolver a doença, e a taxa de transmissão é drasticamente reduzida. Hoje, os medicamentos permitem que o HIV seja tratado como uma doença crônica, semelhante ao diabetes ou à hipertensão, mas é essencial manter o uso contínuo e correto das medicações."

 

Como funciona a prevenção por meio da profilaxia?
"Além do sexo seguro, que é a principal forma de prevenção, existem medidas como a profilaxia pré-exposição (PrEP), indicada para grupos de risco que vivem em exposição contínua. Esses medicamentos estão disponíveis gratuitamente nos serviços de saúde. Qualquer pessoa que tenha dúvidas ou que sinta que corre risco pode procurar os ambulatórios de referência ou seu médico para orientação e exames."

 

Há cuidados específicos ao realizar exames de HIV?
"Sim, e é muito importante esclarecer isso. As pessoas que têm dúvidas sobre estarem infectadas jamais devem doar sangue como forma de 'testar' se estão com HIV. Existe um período em que a contaminação pode ocorrer, mas o exame ainda dá negativo. Nesse caso, o sangue pode ser liberado para transfusão, colocando outras vidas em risco."

 

Por que as campanhas de conscientização perderam força nos últimos anos?
"Percebo que as campanhas sobre HIV/AIDS caíram no esquecimento, tanto por parte dos governos quanto das instituições privadas. Apesar disso, é importante lembrar que todo mundo sabe como o HIV é transmitido e prevenido. O problema é que muitas pessoas acreditam que não estão sob risco. Por isso, precisamos retomar as campanhas educativas e utilizar as redes sociais para incentivar a testagem e a prevenção. Empresas também podem colaborar por meio de programas de medicina ocupacional, conscientizando seus funcionários."

 

Ainda há esperança para a cura do HIV?
"Apesar dos avanços no estudo do vírus e de casos isolados de pessoas que possivelmente se curaram, ainda não temos nada com impacto efetivo para impedir a sobrevivência ou a multiplicação do HIV no organismo. No momento, o mais importante é focar na prevenção e no diagnóstico precoce. Quem inicia o tratamento e o mantém de forma regular pode viver muito melhor e por muito mais tempo."

 

Que mensagem a senhora deixaria para a população?
"As pessoas precisam levar o HIV a sério. Ainda é uma doença que contamina e mata, especialmente jovens sexualmente ativos e no início de suas carreiras profissionais. O mais importante é praticar sexo seguro, realizar testes regularmente e, caso haja o diagnóstico, seguir o tratamento correto. Todos têm um papel a cumprir na luta contra o HIV, desde governos até cidadãos e empresas."

 

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