
Obesidade e câncer: entenda a relação e veja como reduzir os riscos
A obesidade vai muito além da estética. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o excesso de gordura corporal está relacionado ao aumento do risco de pelo menos 13 tipos de câncer, entre eles os de mama, intestino, ovário, fígado e pâncreas.
A explicação está na inflamação crônica e nas alterações
hormonais provocadas pela gordura em excesso. “A gordura visceral é
pró-inflamatória e hormonalmente ativa. Quanto maior a quantidade, maior a
conversão de estrogênio em estrona, um hormônio ligado ao crescimento celular
descontrolado, especialmente nos cânceres hormônio-dependentes”, explica a
médica clínica e nutróloga Fernanda Vasconcelos, do Instituto Qualitté.
Aproximadamente um a cada três brasileiros, 31%, vive com
obesidade e essa porcentagem tende a crescer nos próximos cinco anos. No país
cerca da metade da população adulta, entre 40% e 50%, não pratica atividade
física na frequência e intensidade recomendadas.
Os dados
são do Atlas Mundial da Obesidade 2025 (World Obesity Atlas 2024), da
Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation – WOF). O
relatório mostra que, no Brasil, 68% da população tem excesso de peso e,
dessas, 31% tem obesidade e 37% tem sobrepeso. O Atlas traz ainda uma projeção
de que o número de homens com obesidade até 2030 pode aumentar em 33,4%.
Entre as mulheres, essa porcentagem pode crescer 46,2%.
O sobrepeso
e a obesidade podem trazer riscos. Segundo o Atlas, 60,9 mil mortes prematuras
no Brasil podem ser atribuídas as doenças crônicas não transmissíveis
devido ao sobrepeso e obesidade, como diabetes tipo 2 e Acidente Vascular
Cerebral (AVC) – a informação é baseada em dados de 2021.
A especialista explica como a obesidade influencia o risco
oncológico e o que pode ser feito para se proteger. Confira:
Quais tipos de câncer
estão relacionados à obesidade?
De acordo com o INCA, o excesso de gordura corporal está
associado a maior risco para: Câncer de mama (principalmente em mulheres na
pós-menopausa e homens também); Câncer de intestino (cólon e reto); Câncer de
fígado, Câncer de endométrio (útero); Câncer de ovário;Câncer de esôfago
(adenocarcinoma); Câncer de estômago (cárdia); Câncer de pâncreas; Câncer de
rins; Meningioma; Câncer de tireoide; Mieloma múltiplo e Câncer de
próstata.
O que acontece no
corpo?
O tecido adiposo em excesso promove um ambiente inflamatório
no organismo. Esse quadro altera a resposta imunológica e estimula a liberação
de hormônios que favorecem a multiplicação desordenada de células, base do
desenvolvimento do câncer. Além disso, quanto maior a gordura corporal, maior a
resistência à insulina e o desequilíbrio hormonal (maior aromatização
periferica), especialmente em mulheres. Esses fatores criam um terreno fértil
para alterações celulares silenciosas (maior IL 6, TNF alfa), que inibem a
autofagia (mais IGF1) que nos protege. Isso aumenta a incidência de câncer.
Como reduzir o risco?
A prevenção passa, principalmente, por mudanças sustentáveis
no estilo de vida: reduzir a gordura corporal de forma gradual e saudável,
evitar alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar e gordura trans, priorizar
alimentos in natura e refeições balanceadas, manter uma rotina regular de
atividade física e dormir bem e controlar o estresse crônico. A base está no
estilo de vida. Alimentação, sono, movimento, modulação intestinal e redução da
inflamação. A prevenção do câncer começa muito antes do diagnóstico.
Existe alimentação
preventiva?
Sim. Segundo a especialista, uma alimentação rica em
vegetais coloridos, proteínas magras como os grãos e carne branca, fibras,
antioxidantes e ômega-3 tem efeito protetor. Entre os alimentos que devem fazer
parte da rotina estão: vegetais variados, frutas vermelhas, cítricas e ricas em
vitamina C, sementes, azeite de oliva e oleaginosas, peixes, lentilhas, grão de
bico, ervilhas e alimentos fermentados e integrais, para a saúde intestinal.
Recebo muitas pacientes que só procuram ajuda quando já há um diagnóstico. Mas
é preciso reforçar que cuidar do peso é cuidar da sua prevenção. A nutrologia
não trata só do corpo, trata da sua saúde a longo prazo.
Quem é a Dra.
Fernanda Vasconcelos?
Médica clínica e nutróloga, especialista em avaliação
metabólica, nutrologia esportiva e longevidade. Possuo título de especialista
em Nutrologia pela AMIB/ABRAN e em Clínica Médica pelo MEC. Sou pós-graduada em
Medicina do Esporte pela UNIP e tem especialização em Nutrologia pela
Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Atuo no acompanhamento metabólico
e nutricional para emagrecimento, performance esportiva, análise comportamental
e saúde hormonal. Também trabalho com terapias nutricionais aplicadas a doenças
crônicas, como diabetes, endometriose e distúrbios hormonais.
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