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Servidores da vacinação são vítimas de desrespeito e violências

Nas últimas semanas, servidores foram vítimas de todo tipo de violência em drive

Os servidores da Secretaria de Saúde, que prestam serviço no drive da vacinação no estádio do Limeirão, têm sido alvo de todo tipo de violência nas últimas semanas. Não foram raras as vezes que a reportagem da Gazeta os flagrou aos prantos ou revoltados com situações vividas, causadas por pessoas que procuram o drive para se vacinarem ou acompanharem a imunização de amigos e conhecidos. Há relatos de outras situações semelhantes nos postos de saúde usado na campanha.
Nos últimos dias aumentaram bastante as reclamações, principalmente de pessoas com a impossibilidade de realizar a vacinação de adolescentes. Uma norma do Ministério da Saúde impõe que apenas os pais ou responsáveis legais assinem um termo, concordando com a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos. A informação é amplamente divulgada pelo poder público, mas boa parte das pessoas que vai aos postos de vacinação tem se "esquecido" da determinação.
Nesta semana, uma vacinadora foi chamada de "cadela" e "vagabunda" por um homem, que havia levado um sobrinho para se vacinar. Ela questionou se o agressor era o responsável e recebeu as ofensas como resposta. Em outra situação, uma mulher ameaçou chamar a polícia porque acompanhava a sobrinha, pois os servidores estavam "tirando o direito da adolescente de se vacinar".
Ainda nesta semana, um homem chegou ao local a pé, por volta das 19h, exigindo ser imunizado. Após ser informado que o horário do drive era até às 18h e que a equipe estava ali apenas para vacinar quem já estava na fila há horas, o homem partiu para ofensas, gritando que os vacinadores precisavam aprender a trabalhar e os chamando de "folgados e vagabundos".
E não são somente os servidores da Secretaria da Saúde que têm sido alvo da ignorância. Dois agentes de trânsito, responsáveis por orientarem e organizarem os carros na fila também têm sido ofendidos. Um deles já faz uma triagem, separando os documentos necessários para o ato vacinal. Na falta de algum documento ou o não cumprimento dos critérios, o agente orienta os ocupantes sobre a situação. Por vezes, o agente é questionado, se compete a ele dizer quem vai ou não ser vacinado. Sem contar que há desrespeito às ordens dos agentes pelas pessoas na fila, na questão da circulação de veículos. Há algumas semanas, uma mulher acessou o drive pela saída (na contramão) e, ao ser advertida sobre a conduta, mostrou o dedo do meio para o agente, pegando uma via próxima ao estádio, também na contra mão de direção. Ela foi autuada pela infração de trânsito e, ao receber o comunicado da infração em casa, procurou a Secretaria de Mobilidade urbana para alegar ter sido multada injustamente.

ASSÉDIO SEXUAL
Em casos mais antigos, há outros absurdos. Em janeiro, duas vacinadoras foram vítimas de importunação sexual no local por dois homens que procuraram o local. Um deles, era obeso e conseguiu ser imunizado, dentro dos critérios estabelecidos. O outro, ao saber que teria de esperar mais um pouco, passou a mão no próprio corpo, em direção ao pênis, questionando se "mesmo com aquela gostosura não conseguiria se vacinar" e chamou as vacinadoras para "dar umas voltas, para ver se rolava alguma coisa". Eles só foram embora depois que as servidoras ameaçaram acionar a Guarda Civil Municipal. Esse caso não foi registrado na polícia. No entanto, conforme a Gazeta mostrou há alguns dias, a Polícia Civil investiga um caso de racismo contra uma vacinadora parda. Uma idosa alegou que tomaria uma "picadinha de macaca" ao ser informada que a vacina seria injetada no braço. Em outra situação, um homem ofendeu uma vacinadora após ser advertido para que colocasse a máscara. Já em outro caso, uma mulher, que seria moradora em Mongaguá, no litoral de São Paulo, chamou a Polícia Militar por desconfiar que não havia sido vacinada. O marido dela não conseguiu filmar a imunização e depois de ver o vídeo, a mulher ligou para o 190. Ainda no ano passado, a Gazeta flagrou o momento em que um homem desceu do carro e, de maneira grosseira, pediu para ver a aspiração da dose. Ele não acreditava que as doses previamente preparadas tinham os imunizantes e chegou a pedir providências a uma vereadora que estava no local.

ESTRUTURA
A falta de estrutura também tem preocupado. Há alguns dias, a reportagem flagrou uma funcionária pegando garrafas térmicas grandes e indo até o Centro de Controle de Zoonoses, no Jardim Campos Elíseos, para pegar água potável. Naquele dia, a temperatura foi de 29 graus, segundo a Faculdade de Tecnologia da Unicamp. O número pequeno de funcionários e o excesso de procura pelo drive também têm feito com que o tempo de espera nos carros seja maior. Isso, segundo o que foi apurado, também tem causado transtornos aos servidores. Na última sexta-feira, pessoas relataram ter ficado duas horas e meia na fila. Perto do meio dia, havia cerca de 120 veículos na fila de espera, enquanto no drive do Parque Cidade, o número era menos da metade. Ontem, durante o plantão de vacinação, por volta das 8h30, a fila estava saindo para a avenida Major Levy e chegando ao Anel Viário, na parte de trás do estádio.

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