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Polícia encerra inquérito de abordagem em supermercado

A Polícia Civil de Limeira, por meio do 1º Distrito Policial, deve encaminhar, nos próximos dias, o relatório das investigações do caso da abordagem no supermercado Assaí ainda esta semana para o Ministério Público (MP) e para o Poder Judiciário. No dia 6 de agosto, o aposentado Luís Carlos da Silva, foi abordado por seguranças do supermercado da região central de Limeira, após levantar suspeita da equipe de segurança.
Assustado com a situação, o aposentado se desesperou e começou a tirar a roupa no meio do supermercado, o que chamou a atenção dos outros clientes, que filmaram a situação. As imagens ganharam as redes sociais e, o caso, repercussão nacional.
Foram ouvidos a vítima, funcionários da rede atacadista, inclusive o segurança, que foi desligado da empresa depois do episódio, e testemunhas do caso. A vítima confirmou que foi abordado por ser negro e alegou que tirou a roupa, por conta própria. A empresa reconheceu que houve um "erro de procedimento", já que a abordagem à suspeitos no interior da loja, só poderia ocorrer, se houvesse a provocação do sistema de monitoramento, o que não foi o caso do aposentado.
Em entrevista à Gazeta, o funcionário demitido alegou que não pediu para que o aposentado tirasse a roupa, não o constrangeu e que jamais fez menção à cor da pele, já que também é preto. O rapaz ainda se defende alegando que não cometeu qualquer tipo de agressão verbal ou física e, nem se quer, encostou um dedo no aposentado.
A defesa do aposentado também apresentou quatro nomes de pessoas que teriam visto a situação dentro do supermercado. Três falaram com a Polícia Civil, mas, segundo a polícia, não acrescentaram nada daquilo que já não tinha sido dito por outras pessoas. A quarta pessoa, uma mulher de Cordeirópolis, que aparece nas imagens defendendo o aposentado se negou a falar com a polícia. (veja box).
Questionado pela reportagem, o delegado titular do 1º DP (Distrito Policial), Francisco de Paula Lima, disse não poder se manifestar com relação à sua convicção. "Embora a prerrogativa seja minha, cabe a mim apenas apresentar os depoimentos e o que conseguimos apurar ao MP e ao Poder Judiciário", alegou. O inquérito teve como objetivo determinar se houve, ou não, racismo por parte dos seguranças. Inicialmente, o caso foi registrado no plantão policial como constrangimento ilegal.


Não quero falar sobre o assunto", diz testemunha de defesa
A testemunha, arrolada pela defesa do aposentado, é moradora de Cordeirópolis. Como mostrou recentemente a Gazeta, ela tinha se negado a vir à Limeira prestar depoimento sobre o caso na delegacia, onde o inquérito foi instaurado. A Polícia Civil, então, enviou uma carta precatória para a delegacia de Cordeirópolis, para que o depoimento dela fosse tomado por lá. Procurada pela equipe do delegado Leonardo Burger, a mulher alegou estar na praia e que não tinha interesse de se manifestar sobre o caso. "Estou em Porto Seguro e não quero falar sobre o assunto com a polícia", disse aos policiais cordeiropolenses.
Como testemunha, ela tem o direito a se negar a falar. O delegado Francisco Lima recebeu o documento do colega da cidade vizinha, o anexou ao inquérito e deu como encerrada as tentativas de ouví-las. "Como foi o advogado do aposentado que pediu, teria de esgotar todas as possibilidades de ouví-la. Está no direito dela e, por isso, ela não será mais ouvida", finalizou o delegado do inquérito.

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