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Dona de imobiliária diz estar sendo ameaçada por clientes

Pela primeira vez em quase dois anos, a ex-corretora, dona da imobiliária suspeita de ter aplicado golpes em Limeira, falou com uma equipe de reportagem. Em entrevista concedida ontem, a mulher alegou que saiu da cidade por medo de represálias, disse estar sendo ameaçada e alegou "não ser santa". Ela concordou em dar entrevista desde que o local onde ela está não fosse revelado. O DDD do telefone usado na entrevista não é o da região de Campinas. Na conversa, de cerca de 20 minutos, a mulher disse que é limeirense de nascimento e a imobiliária era uma empresa familiar.

Ela alegou que a empresa, que estava no nome dela, conseguia se manter até a pandemia, quando os problemas financeiros começaram. Na mesma época, o marido dela começou a trabalhar com loteamento de chácaras, o que é irregular. "Eu, como esposa, não gostava disso. Ele foi se envolvendo com pessoas, começou a ser muito cobrado. E depois disso, a imobiliária começou a ser atingida, pois ele começou a tomar empréstimo e mexer com agiotas", alegou a mulher.

Após isso, o casal começou a ser ameaçado e eles perderam o controle da situação. "Tem gente sim que, infelizmente, acabou entrando nesse emaranhado de problemas. Mas isso nunca foi minha intenção". Ela alegou que tentou resolver os problemas "até o último minuto da empresa", mas, logo após, começaram a divulgação na internet. "A partir da primeira publicação, a minha vida virou um inferno.

Teve proprietário que foi lá e tirou imóvel porque não queria mais negociar com a gente. As pessoas misturaram os meus negócios com os do meu marido e a coisa saiu do controle. Hoje, eu não consigo trabalhar para resolver os problemas. O país inteiro hoje me vê como estelionatária", disse.

Em dezembro do ano passado, a ex-corretora afirmou que conseguiu fechar um negócio com uma empresa da capital, que daria condições de ela pagar todas as dívidas, mas que a matéria divulgada em rede nacional por um telejornal, fez com que o acordo com os empresários não desse certo.

"Tem gente que junta essa matéria no processo que remete para o juiz. Então, o Poder Judiciário já nos olha como estelionatários. Eu não sumi da cidade. Eu saí da cidade por medo e desespero. A gente chegava a receber 10 ameaças por dia", ressaltou.

Outro escritório chegou a ser aberto, mas a advogada contratada para conversar com os clientes, segundo a ex-corretora, também começou a ser ameaçada, ao ponto de desistir do serviço. O escritório também teria sido apedrejado. "Ela [advogada] virou pra mim e disse que estava com medo de morrer no escritório e foi embora", disse.

A reportagem questionou se a ex-corretora também estaria disposta a conversar com os clientes para tentar achar uma solução para os problemas. "Essa possibilidade de conversa, quem tem de dar são eles [clientes]. Segundo ela, a pressão das pessoas era tamanha que ela não teria conseguido enterrar direito a filha, que morreu em 6 de agosto deste ano, vítima de uma apendicite aguda. "Teve gente que foi no velório e ficou na porta do caixão, olhando e rindo na minha cara, além de fazer menção de estar armado, como se quisesse me matar. Como que eu vou conversar com pessoas dessa forma?", disse ela. Ao final, a mulher disse que não vai fugir da justiça, mas alega também ter documentos que comprovariam que ela também havia sido enganada em algum momento. "Eu não estou dizendo que não tem gente que precisa ser ressarcido. O meu sonho é ter oportunidade de trabalhar e pagar todas elas. Por que elas existem, mas os meus casos eu sei de todos", finalizou a ex-corretora.

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