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Delegado indiciará casal de imobiliária por estelionato

Depois de mais de um ano e meio de apuração sobre dezenas de denúncias contra um casal dono de uma imobiliária em Limeira, as vítimas, enfim, terão uma resposta da Polícia Civil. O delegado Francisco Lima, responsável pela apuração do caso, alegou nesta semana à Gazeta que pedirá o indiciamento dos ex-corretores por estelionato. O inquérito que tramitou no 1º Distrito Policial deve ser entregue ao Ministério Público (MP) nos próximos dias.

Lima ainda disse que estuda a possibilidade da apresentação do pedido de prisão dos dois, que desapareceram, após o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci/SP) cassar a licença de ambos e da imobiliária. O delegado entende que o casal estaria se furtando, desde o início da apuração, de prestar esclarecimentos sobre as denúncias.

Informações dão conta que a Polícia Civil, já teria tentado localizar o casal que, supostamente, está em local incerto, segundo o que a própria dona da imobiliária relatou em entrevista à Gazeta no dia 16 de dezembro. Na oportunidade, a mulher alegou que saiu da cidade por medo de represálias, disse estar sendo ameaçada e alegou "não ser santa".

Ainda na entrevista, a ex-corretora disse que está disposta a tentar conversar com os clientes, mas "quem teria de dar essa abertura seriam eles [clientes]", alegou. Ao final, a mulher disse que não vai fugir da justiça, mas alega também ter documentos que comprovariam que ela também havia sido enganada em algum momento. "O meu sonho é ter oportunidade de trabalhar e pagar todas elas. Por que elas existem, mas os meus casos eu sei de todos", finalizou a ex-corretora.

CASOS

Uma postagem em uma rede social, reclamando sobre um possível golpe aplicado pela imobiliária foi o que bastou para que a Polícia Civil, começasse a receber os clientes, diariamente. Às vezes, chegavam a ser dezenas por dia. A estimativa é que mais de 150 pessoas tenham sido enganadas pelo casal responsável pelo estabelecimento. O prejuízo, que se tem conhecimento até agora, pode passar dos R$ 10 milhões. São centenas de vítimas que, provavelmente, deram tudo o que conseguiram angariar ao longo da vida para realizar o sonho de comprar a casa própria ou um imóvel e viram o sonho virar pesadelo. Os suspeitos chegaram a vender o mesmo imóvel para mais de uma pessoa. Houve cliente que colocou a casa para alugar no estabelecimento e a mesma foi vendida para uma terceira pessoa.

A alegação do casal era que a situação seria resolvida, mas o tempo foi passando e as vítimas ficaram mesmo no prejuízo. Os clientes enganados, em sua maioria, são pessoas simples, que investiram o que tinham para comprar um imóvel e foram prejudicados.

Caso como o de uma mulher, que pediu para não ser identificada, que perdeu o apartamento onde morava. Era o único bem que tinha para comprar uma casa, que nunca foi entregue. O dinheiro parou nas mãos do casal, que não cumpriu com a parte no acordo. Hoje, essa mulher mora de favor na casa de amigos e sofre de depressão. Outro caso, é de um açougueiro que vendeu a casa que tinha para comprar um imóvel que não estava à venda. O verdadeiro dono do imóvel não deu atenção à vítima, que não conseguiu reaver o dinheiro.

"Recebo com bons olhos, mas e os outros crimes?", diz vítima

Uma das vítimas, um ourives, de 52 anos, disse que recebeu com satisfação a notícia que o casal será indiciado por estelionato. No entanto, entende que há outros crimes sendo cometidos, em conjunto com a imputação principal. "É um pontapé inicial para se fazer justiça, mas não seria o caso da justiça processá-los por associação ao crime, parcelamento irregular de solo, entre outros", questionou o ourives que foi processado pela dona da imobiliária por uso indevido da imagem dela.
Em postagens no Facebook, o ourives se referiu ao casal como 'bandidos', 'golpistas', 'quadrilheiros' e 'procurados'". Em dezembro, o juiz Marcelo Vieira deferiu o pedido do casal e determinou que o ourives se abstenha de veicular ou exibir notícias com a imagem ou nome dos empresários, determinando, ainda, as postagens já publicadas e impõe sanção de pagamento de multa diária de R$ 200, caso descumpra a decisão.

 

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