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Mulher surta e faz filha de 32 dias refém em Cordeirópolis

O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar do Estado de São Paulo, com sede na capital paulista foi chamado ontem para intervir em uma ocorrência com refém, em um condomínio de apartamentos, na Vila Barbosa, em Cordeirópolis. Três equipes do batalhão especializado em atendimento de ocorrência com reféns foram acionadas para negociar a rendição da mulher. Após sete horas retida dentro do apartamento, a recém nascida começou a apresentar sinais de desidratação de hipoxia (dificuldade respiratória). Isso fez com que o Gate fizesse uma entrada tática no apartamento para libertar a refém e dominar a mãe. Na ação do Gate, ninguém se feriu.

BRIGA

A Guarda Civil Municipal de Cordeirópolis foi acionada pelo zelador do condomínio por volta das 4h30 para intervir em uma briga familiar. O funcionário do conjunto habitacional disse que acordou com uma gritaria. "Até pensei que era molecada de rua fazendo bagunça, mas depois vi que era briga no bloco 5", disse o zelador à Gazeta. Não se sabe o motivo da briga, mas ambos teriam consumido entorpecentes juntos durante boa parte da madrugada e se desentendido.
A mulher se armou com uma faca e golpeou o marido no ombro. Após isso, se trancou no apartamento. O marido, de 50 anos, fugiu, levando consigo a arma do crime. O caminho entre a porta do bloco e a saída lateral do conjunto ficou com marcas de sangue. O homem dispensou a faca em uma calçada, em meio a uns galhos. Ele recebeu atendimento médico, mas passa bem.
A equipe da corporação municipal tentou manter contato com a mulher que aparentava estar desorientada e se negava a abrir a porta do apartamento. Os agentes souberam por vizinhos que ela estaria com a filha, de 32 dias, dentro de casa. A Polícia Militar foi acionada e foi ao local também tentar a rendição, mas a mulher alternava momentos de silêncio, lucidez e irritabilidade. "Ela chegou a colocar o filho para fora da janela e ameaçou jogar. Corremos e esticamos um pano embaixo da janela para tentar segurá-la, caso caísse", frisou o zelador.

GATE

Com a negativa da mulher de abrir a porta do apartamento para os policiais e guardas, o comando da Polícia Militar da região foi chamado e decidiu pelo acionamento do Gate e de equipes de socorro e resgate do Corpo de Bombeiros e do Samu. O Centro de Operações da Polícia Militar de Piracicaba entrou em contato com a capital, solicitando a intervenção especializada.
Três equipes do pelotão especializado em situações que envolvem reféns chegaram na cidade por volta das 7h20, sob o comando do major Gustavo Mercadante. Policiais foram colocados na porta do apartamento, no telhado e na parte de trás do bloco para monitorar o que acontecia dentro do imóvel. Segundo o major, a mulher apresentou durante todo o tempo de negociação um comportamento hostil à presença dos policiais no local. "Ela oscilava momentos em que gritava com a gente, que ameaçava a criança e de silêncio", alegou o comandante. Por volta das 9h25, foi necessário uso de equipamentos próprios para detecção de vida para confirmar que ambas estavam vivas no apartamento. "Imaginamos que ela poderia ter feito algo, mas depois, ouvimos alguns sussurros da criança. Chegou a ser pensado em uma intervenção tática pela janela, mas com a manifestação da criança resolvemos esperar mais um pouco", disse o comandante.
Pouco antes das 10h20, a mulher chegou a aparecer duas vezes na janela com a criança no colo e verbalizou algo com os policiais. A tática usada foi de tentar ver a criança para analisar, o estado de saúde da recém nascida. Os médicos que acompanhavam o caso perceberam que ela começava a apresentar as consequências do tempo mantida retida, sem alimentação e água e decidiram pela invasão tática e coordenada do apartamento.

A AÇÃO

Durante a negociação, um dos policiais usou um varão para saber se a janela do quarto da frente estava aberta e que não tinha grades. O primeiro passo da ação foi abrir a janela. Dois policiais usaram técnicas de rapel e, enquanto um abriu a janela, outro invadiu o cômodo, onde estavam mãe e filha. O Gate informou que a mãe estava em pé, perto de uma cama onde a filha estava deitada.
Para distrair a mulher por alguns segundos, os policiais do Gate usaram de uma bomba de som. Ela foi detonada do lado de fora do apartamento, próximo a janela do quarto de trás do imóvel, para minimizar risco. O artefato, embora sem nenhum tipo de explosivo, poderia quebrar os vidros ou soltar fragmentos que poderiam machucar ambas. A mulher ainda teve tempo de tentar ir em direção a filha, mas foi impedida pelos policiais, que resgataram a recém nascida, e a entregaram para uma enfermeira do Samu, que acompanhava a situação junto aos policiais de dentro do bloco.
Em entrevista, o major Mercadante disse que a mulher apresentava um ferimento no pescoço e o bebê um corte superficial na perna, mas sem relação com a ação do Gate. "O sangue já tinha coagulado. Os ferimentos foram feitos antes da nossa entrada", disse o major. Ambas foram socorridas. A vítima para o Hospital Municipal de Cordeirópolis e a mãe para o Hospital Humanitária.

PRESA

Após passar por atendimento médico, a mulher foi levada à presença do delegado Leonardo Burger, responsável pelo município. Questionada sobre a situação, a mulher ficou em silêncio e acabou autuada em flagrante por tentativa de homicídio contra o marido e a filha e de cárcere privado contra o marido. Ela foi encaminhada à carceragem da Delegacia Seccional de Limeira, onde deve ficar até passar por audiência de custódia.
O homem disse ao delegado que ambos brigaram pelo fato de a mulher não aceitar que o marido defenda a sogra, mãe dela, com quem não se relaciona bem. Em depoimento, o marido disse que foi golpeado depois de se apossar da chave do apartamento, onde foi mantido retido por horas, durante a madrugada.
Contra a filha pesa o fato de que, como mãe, ela tem o dever de garantir a saúde da filha. Burger entendeu que ela expôs à vida da filha em perigo ao deixá-la tanto tempo sem alimentação e em condição de hipoxia.

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