Os 134 cães e 4 gatos, que foram resgatados do canil, que funcionava em uma chácara no Palmeira Real, na tarde de anteontem, foram distribuídos entre quatro ONG's, que se comprometeram a cuidá-los até que a Justiça decida o que serão feitos com eles. Duas delas, são de fora da cidade. Uma de Americana, que ficou responsável por 26 cães. Outra, de Campinas, que retirou do local 19 cães, sendo um pastor belga, de grande porte. De Limeira, A GPAC, que contou com o apoio da vereadora Tatiane Lopes, está com a tutela de 23 cães e um gato e a Alpa, a Associação Limeirense de Proteção a Animais, que ficou com 63 cães e 3 gatos. As organizações ficaram como fiéis depositárias dos animais.
Ainda na quarta-feira, guardas civis municipais e policiais civis encontraram no imóvel, R$ 30 mil em dinheiro, que estima-se ser da venda dos animais. Além do dinheiro em espécie, vacinas em mau estado de conservação também foram localizadas e descartadas. Foi encontrado um caderno ainda, onde o suspeito anotava o cruzamento de animais do canil. Segundo Cassiana Fagotti, presidente da Alpa, há fêmas prenhas e o número de animais, contando com os filhotes à nascer, pode chegar a 200.
O delegado titular da DIG, Leonardo Burger, ainda requeriu laudos individuais sobre o estado de saúde de todos os animais. Eles devem ser assinado por médicos veterinários e serão anexados ao processo. Na manhã de ontem, a Gazeta foi até um dos locais utilizados pela Alpa para o abrigo dos animais. Eles passavam por banho, tosa, microchipagem e fariam exames de sangue. A maioria dos cães apresentam infestação de carrapatos.

INVESTIGAÇÃO
A Polícia Civil trabalhava no caso havia sete dias. Neste período, foram ouvidas testemunhas e fotos e vídeos foram encaminhados à polícia. Diante do que foi exposto ao delegado, ele solicitou que um veterinário verificasse se, mediante as fotos, poderia ser caracterizado os maus tratos. Com o resultado positivo, a operação foi armada, em conjunto com as secretarias do Meio Ambiente, Saúde e Segurança Pública da Prefeitura. Os suspeitos foram localizados chegando ao condomínio. Segundo Burger, o casal não tinha ideia de quantos animais haviam no local. Questionado sobre os animais, o homem alegou que tinha cerca de 50 cães em casa e que não via sinais de maus tratos, situação confirmada por outro profissional, servidor público, que acompanhou a operação no local.
A piscina do imóvel estava com água limpa e parada. Funcionários do Centro de Controle de Zoonoses encontraram larvas do mosquito da dengue. A prefeitura não confirma, mas o casal também pode ser multado por expor a risco a saúde dos moradores da região. Com relação aos medicamentos de uso veterinário no local, o delegado disse que intimou o casal a entregar documentos que comprovem a supervisão de um veterinário no canil. "Se não apresentar, pode caracterizar que ele mesmo aplicava. Ai a gente vai estudar a questão do exercício ilegal da profissão", relatou ontem o delegado.

DOAÇÕES
Muitas pessoas procuraram as ONG's e nas redes sociais manifestam o interesse de adotar os animais. A presidente da Alpa lembrou que esses animais são "objetos de crime" e, portanto, são provas e que, a qualquer momento, pode ser requerida pela Justiça no curso do processo. Por isso, neste momento, eles não podem ser doados, por impedimento legal.
Quem quiser adotar um animal, pode procurar o Departamento de Proteção e Bem Estar Animal da Prefeitura, onde há centenas de animais a espera de um lar. O Departamento fica na rua Professor Solon Borges dos Reis, no Pq. Campos Elíseos.
Quem quiser ajudar nos custos da operação, que terão de ser bancados pelas ONG's, podem encaminhar doações. Para a "Anjos de Rua", de Campinas, a chave PIX é 25.183.511/0001-17. O GPAC aceita doações pelo PIX 24.713.517/0001-96. A Alpa pode ser ajudada pelo PIX "alpalimeira@hotmail.com". A Gazeta não conseguiu contato com a ONG Animal Tem Voz, de Americana.