Vidros de todas as portas e janelas do templo também foram danificados pelo rapaz, com problemas psiquiátricos

Fiéis, vizinhos e o padre Alexander Silva, responsável pela igreja de São Geraldo, da paróquia de Santo André tiveram uma surpresa nada agradável durante a manhã desta terça-feira. “Durante a manhã, estava estudando e separando textos quando meu telefone tocou. Não acreditei no que me falaram e vim correndo para cá”, disse o pároco.

A notícia é que a igreja, localizada no Jardim Laranjeiras, havia sido depredada. Em todas as janelas e portas da igreja, pelo menos, um vidro estava quebrado. Pedras, algumas delas grandes e pesadas, foram atiradas por volta das 2h, segundo alguns vizinhos, que alegaram terem ouvido barulhos e gritos. Antes, ainda na noite de segunda-feira, um homem, que é vizinho da igreja e teria problemas psiquiátricos, estaria dando trabalho a motos da Polícia Militar (PM). “Na primeira vez, uma vizinha ouviu o rapaz gritar e saiu para ver o que estava acontecendo. Da segunda vez, ela disse que ficou com medo, por causa do horário e preferiu ficar em casa”, alegou o padre à Gazeta, durante a manhã de ontem.

Ainda transtornado e tentando entender o que havia acontecido, o religioso entrou no prédio e percebeu que, atrás do altar, onde fica a sacristia, uma mesa, que apoiava algumas imagens sacras havia sido danificada e cedido, derrubando as imagens, que quebraram. As pedras atingiram ainda alguns adornos do templo. “Até o vidro do meu banheiro, ele quebrou”, ressaltou o religioso, apontando para uma janela lateral do prédio.

Segundo Silva, o local não foi invadido. Todas as portas estavam íntegras e os vãos dos vidros quebrados eram pequenos. “Há aquelas grades, que separam os vidros das janelas. Ele não conseguiria entrar pela janela e as portas estavam todas trancadas”, alegou o religioso. Ele ainda disse que se emocionou quando viu os danos. “Isso aqui é a nossa vida. A comunidade tem tanto carinho e cuidado com o prédio. Eu consegui reformar ele inteiro por dentro. Hoje quando voltei para casa, abracei minha mãe e chorei, de verdade”, disse o religioso, com os olhos cheios de lágrimas.

Alexander não acredita em um caso de intolerância religiosa. “Se fosse, ele entraria na sacristia e quebraria o sacrário e a imagem de Jesus Cristo na cruz. E isso não ocorreu. Agora, o que pensar de uma pessoa que faz isso com a Casa de Deus? Vandalismo? Pessoas que não compreendem e respeitam a fé dos outros? Não sei o que dizer sobre tudo isso”, exclamou o líder da comunidade. Segundo ele, o vândalo já teria causado o dano em outras residências do bairro, mas moradores tem medo, pois ele é extremamente violento quando está transtornado.

A mãe dele procurou o padre pela manhã, constrangida com o ocorrido. “Ela veio me pedir mil desculpas, mas e agora? Ela vai arcar com os custos? Esses vidros são importados e caros e a igreja não tem caixa para reparar esses danos”, lamentou o padre. Mesmo com o coração partido com o episódio, o padre disse que agora é ajudar o vândalo. “Nesse momento, olhando para a pessoa que fez isso, é momento de ajudar a família. Ajudar com uma internação, correndo atrás. Falei com a prefeitura hoje, por meio do gabinete do prefeito para que a família tenha o respaldo. A família tem protocolos [de internação] na prefeitura, tem laudos médicos e só falta interná-lo. É isso que nós, como igreja, apesar de todo esse estrago que ele causou, temos de ter agora: o cuidado para o ser humano. Agora é perdoar e ajudar naquilo que for possível”, finalizou o religioso.

Imagens que estavam na sacristia da igreja foram danificadas por pedras