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Autor "se orgulha" em ter arrancado coração de vítima

O delegado Filipe Rodrigues de Carvalho, titular de Artur Nogueira, disse, em entrevista à reportagem da Gazeta, que J.L.S., de 37 anos, autor do assassinato de Enílson Clímaco Pereira, 46, não quis prestar esclarecimentos formais, durante seu interrogatório feito na noite da quinta-feira, horas depois do crime em que a vítima teve o coração arrancado e jogado no meio da rua, no Jardim Medeiros, periferia de Artur Nogueira.  Carvalho alegou que o autor admitiu ter retirado com as mãos o órgão do desafeto depois de golpeá-lo e quebrar a caixa torácica (conjunto de ossos que protege o coração e o pulmão).

No entanto, durante a conversa com autoridade, o autor demonstrou frieza e teria achado "bonito" o que fez. "Ele sentou aqui e disse pra mim, sorrindo, que se 'orgulhava' da forma com que matou e tirou o órgão da vítima. Em mais de 10 anos de profissão é a primeira vez que eu vejo um assassino reagir dessa maneira", relatou o Carvalho. Ainda de acordo com a autoridade, o autor não apresentava estar desorientado. "Ele tinha uma coerência na voz e nos textos e não parecia ter nenhum distúrbio", disse a autoridade. Chegou a mencionar que teria matado a vítima por conta de um suposto abuso sexual cometido pelo pedreiro contra a filha, de 12 anos. Mas, a Polícia Civil refuta qualquer possibilidade de isso ter ocorrido. "Ele primeiro fala da menina. Depois, ele muda e disse que era traído pela mulher com a vítima. Foram versões contraditórias que depois foi apurado que não existiram", relatou Gonçalves.

TESTEMUNHA
Uma das pessoas que também foi ouvida durante o registro do caso, foi o servente, que acompanhava a vítima, na obra. O ajudante disse que estava no telhado da construção e que começou a ouvir barulhos vindos da parte de baixo da obra. E que quando olhou, viu o assassino golpeando a vítima, que tentava se defender. A vítima apresentava ferimentos graves no rosto, braços (em sinal de defesa) e no peito, que estava rasgado.

"Ele tentou descer para ajudar, mas acabou tropeçando na escada e ficou isolado no telhado. Foi a sorte, porque, se não, ele também poderia ter morrido, já que é um senhor de idade e o autor está na faixa dos 40 anos", frisou o delegado. O servente começou a gritar por socorro e ligou para a Polícia Militar pedindo ajuda. Segundo a testemunha, não houve discussão entre as partes.
Após o crime, o homem voltou para casa e tomou banho. Momentos depois, foi preso pela PM, de cueca. Ele não teria dito nada para a mulher, que mora na parte térrea do sobrado. A mãe, quando foi comunicada do ocorrido, passou mal e teve de ser socorrida para o hospital.

BUSCAS
Ainda durante o atendimento da ocorrência no local, foram feitas buscas na parte do imóvel onde o autor ficava. Carvalho disse que não foram localizados indícios do uso de entorpecente, mas diversas cartelas de medicamentos controlados estavam no imóvel. O sistema municipal de saúde será acionado para responder se o autor passou por algum atendimento médico nos últimos meses em alguma unidade da cidade. A família dele a princípio desconhece qualquer enfermidade. S. já tem histórico de agressão e era egresso do sistema prisional paulista. Ele havia sido preso por violência doméstica. Pessoas que moram próximas à cena do crime e que pediram anonimato, alegaram que ele já teve, contra si, medida protetiva que determinava o afastamento da mulher. Ele chegou a morar em outra rua do bairro, mas a pertubava. Com isso, a mulher retirou a queixa e permitiu que ele voltasse a morar na casa, mas na parte de cima, sem contato com ela e com a filha do casal.

Ainda de acordo com conhecidos, a casa onde J. mora foi construída pela vítima. Ambos mantinham um relacionamento amistoso, tendo já trabalhado juntos algumas vezes. Carvalho disse à reportagem que o indiciou, por enquanto, por homicídio simples. Ele deve esperar o laudo apontar, em definitivo, a causa da morte do pedreiro para ver por quais qualificadoras o autor pode responder.

Na tarde de ontem, a Justiça nogueirense decretou a conversão do auto de prisão em flagrante em prisão preventiva. A decisão foi tomada durante audiência de custódia. A juíza Paloma Moreira de Assis Carvalho determinou ainda que J. seja internado, de forma compulsória, em um hospital psiquiátrico. O delegado já tinha representado isso ao Poder Judiciário local, contando com a anuência do Ministério Público (MP). O corpo de Enílson foi sepultado ontem, às 16h30, no Cemitério Municipal de Artur Nogueira.

 

 

 

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