Um policial militar de folga atirou e matou um morador em situação de rua durante a tarde de ontem, na Via Guilherme Dibbern, no Alto do Graminha. Segundo o que foi apurado, o homem invadiu uma escola bilingüe e teria discutido com o militar que estava no local. Após o entrevero, o homem foi colocado para fora da escola e voltou, minutos depois, armado com uma foice.

Ao perceber a presença do homem armado, o militar deu ordem de parada e se apresentou como policial. Não adiantou. O homem continuou investindo contra o policial que ainda chegou a recuar, mas teve de atirar para se defender. Após ser atingido, o morador de rua chegou a caminhar por alguns metros, já para fora da escola e caiu na calçada.

A princípio, foram, pelo menos, quatro disparos que atingiram o agressor. A Polícia Militar (PM) foi acionada pelo próprio servidor que permaneceu no local e deu sua versão à superiores. O coordenador operacional do 36º Batalhão da Polícia Militar (BPM/I), de Limeira, major Neymar, acompanhou o registro do caso e afirmou que, de início, a conduta do policial foi correta. "Internamente, não há nada que desabone a conduta dele. Agiu em legítima defesa dele e de terceiros, inclusive com afirmações de testemunhas", alegou o oficial à Gazeta.

O delegado Leonardo Burger, titular da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) esteve no local e afirmou que a imagem, captada por câmeras de segurança, mostra o agressor levantando a foice e tentando golpear o policial de cima para baixo, provavelmente, com o intuito de acertar sua cabeça. Junto ao corpo ficaram algumas frutas que o agressor carregava e os dois cachorros, fiéis companheiros dele. O policial não se feriu e não houve relatos de crianças feridas também.

Até o fechamento desta edição, o homem, identificado apenas como "Dentinho", não havia sido identificado formalmente. Segundo moradores da região, o homem teria invadido um terreno ao lado da escola, onde vivia. Policiais militares e civis estiveram no barraco em busca de documentos. Uma pasta com alguns papéis foi encontrada e levada à delegacia.

Foi tentando, sem sucesso, contato com o Centro de Corntrole de Zoonoses da cidade para a captura dos animais, que estavam ariscos com a presença de policiais perto do corpo. A Alpa (Associação Limeirense de Proteção aos Animais) também se prontificou a ficar com os cães, que acompanhavam o agressor. Houve uma tentativa frustrada de resgate ontem a noite. Hoje de manhã, a presidente da ONG, Cassiana Fagoti, iria ao local para tentar levá-los. A escola lamentou o episódio e disse que as imagens foram entregues às autoridades policiais.

LANCHONETE
O agressor seria o mesmo que, durante a madrugada da quarta-feira, tentou agredir com uma faca o segurança de uma lanchonete na Avenida Eduardo Peixoto. Na oportunidade, o morador de rua foi encaminhado para o plantão policial e liberado após o registro de ameaça. Se confirmada a identidade, trata-se de Clodoaldo Augusto Ferraz, de 51 anos.