
“Espero que a Justiça daqui [da Terra] funcione, porque a de Deus é infalível”, diz pai de Erick
O primeiro homicídio registrado em Limeira em 2023 ocorreu durante a madrugada do domingo e vitimou o adolescente Erick Delatore de Araújo, de 16 anos, morador do Residencial Alexandre Janoski Filho. Ele foi morto com dezenas de facadas na região torácica, braços, mãos, costas e nuca. Seu corpo foi localizado por policiais militares em uma área verde de difícil acesso, ao lado da Fazenda Arizona, no Jardim Lagoa Nova rural. Eles foram levados ao local, durante a tarde de domingo, pelo próprio réu confesso do crime, S., preso momentos antes em um terreiro de umbanda, no Residencial Ernesto Kuhl.
A equipe do cabo Vinícius da Polícia Militar foi acionada até o centro religioso após uma ligação para o telefone 190. A informação era que o pai de santo responsável pelo espaço teria ouvido do algoz a confissão do crime e requisitado a presença da polícia. Segundo a PM, dezenas de pessoas, inclusive familiares da vítima, se aglomeravam na calçada, revoltados com a notícia do crime. Os policiais foram recebidos e ouviram a confissão de S., que queria garantir sua segurança. Os policiais afirmaram que o tirariam dali em segurança, mas ele teria de levá-los até o corpo.
Segundo o acusado, ambos foram à área verde, durante o final da noite de sábado, para realizar um ritual religioso. S. teria dito que ambos "fechariam seus corpos”, mas eles começaram a discutir e, como estava armado de faca, resolveu atacar a vítima. Após o crime, ele teria jogado a faca fora e fugido.
Alguns pontos precisam ser melhor esclarecidos na investigação, que deve ocorrer pelo 4º Distrito Policial (DP). A namorada da vítima teria dito que chegou a encontrar o acusado, supostamente, depois do crime. A menina estaria preocupada com o desaparecimento do garoto e, como sabia que Erick saiu com S. na noite passada, o procurou. Mesmo com o adolescente morto, o algoz teria dito que não sabia onde ele estaria. Na manhã seguinte, segundo o que apurou a Gazeta, foi a vez do pai do adolescente questionar S.. Novamente, o acusado teria dito que desconhecia o paradeiro do adolescente. Mas, S. enviou uma mensagem de áudio para o pai de santo, contando o que havia acontecido e foi orientado a voltar para o terreiro.
A irmã do menino também tentou localizá-lo pelo sistema de georreferenciamento do aparelho celular. “Como o GPS apontava que ele estava no meio do mato, a gente já começou a pensar no pior”, alegou o pai da vítima, em entrevista. O homem ainda alegou que ambos se conheceram há pouco tempo e que há algumas semanas, a vítima teria mudado de comportamento. De origem católica, o garoto começou a procurar o centro de umbanda do Ernesto Kuhl. “A gente estranhou quando ele disse que queria conhecer outra religião, mas não vimos problema. Foi o S. que o levou para a umbanda”, lamentou o pai. Mesmo assim, o pai alegou que a relação do filho com o acusado não era boa. “Se eu falasse que era boa, estaria mentindo. Às vezes, ele vinha em casa, e depois sumia. Mas ele me chamava de tio. Nunca imaginei que ele ia fazer uma coisa dessa com o meu filho”, lamentou.
O homem ainda disse que o adolescente e o acusado se conheceram por um amigo em comum e desconfia que o crime pode ter origem passional. “No mínimo, o acusado gostava da namorada do Erick, né”, relatou. Para o homem, o crime foi premeditado e Erick foi levado para o local para ser morto, não para participar de um ritual. “Eu espero que a Justiça daqui [da Terra] funcione, porque a de Deus é infalível”, finalizou o homem, que enterrou o filho no final da tarde de ontem, no Cemitério Parque. S. foi levado ao plantão policial e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
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