
Picapes e máquinas agrícolas viram alvo preferencial de bandidos
Em um cenário de queda geral nos índices de furto e roubo de veículos — o estado de São Paulo registrou redução de 14,3% entre janeiro e outubro do ano passado — duas categorias estão entre as exceções: picapes e máquinas agrícolas. Dados de consultorias especializadas indicam aumento nas ocorrências envolvendo tratores, veículos movidos a diesel e outros bens utilizados na atividade rural.
Segundo o Grupo Tracker, especializado na recuperação de ativos, os casos de furto e roubo desse tipo de veículo cresceram 85,9% em 2024. Já no caso dos equipamentos de produção, a alta foi de 27,8%.
Para Sandro Christovam
Bearare, especialista em segurança, pós-graduado em Perícias Criminais e
Ciências Forenses, os dados revelam uma migração da criminalidade para áreas
rurais, onde há menos patrulhamento ostensivo e vigilância.
“As cidades têm investido em tecnologia contra o roubo e
furto de veículo, com câmeras inteligentes que fazem a leitura de placas e mais
rigor na fiscalização de desmanches, que são na maioria das vezes o destino dos
produtos roubados e furtados. No campo, esse monitoramento é muito menor. Sem
falar na ausência da polícia”, analisa.
Segundo o especialista, o aumento da violência no meio rural
deve levar produtores a investir em medidas de proteção. “Uma máquina agrícola
perdida, ainda que tenha seguro, representa prejuízo porque afetam a
produtividade. Nesse sentido, investir em um plano de segurança para a
propriedade é sempre o melhor caminho”, complementa.
Esse plano pode incluir a instalação de câmeras e sistemas de alarme, além de rastreadores nos veículos e equipamentos usados na produção e distribuição. A contratação de mão de obra especializada para operacionalizar esses equipamentos também é recomendada.
Confira dicas do especialista para
ter mais segurança no campo:
Além das medidas básicas, o especialista em segurança Sandro Christovam Bearare destaca
soluções tecnológicas e comunitárias que podem ampliar significativamente a
proteção no meio rural. Ele sugere:
1. Instalação
de bloqueadores com cerca digital nos maquinários, limitando o funcionamento a
áreas pré-determinadas e evitando deslocamentos não autorizados;
2. Sistemas
de alarme silencioso via GPS, que permitem o acionamento discreto em caso de
invasão ou furto, com alerta direto à central de segurança ou ao proprietário;
3. Criação
de consórcios entre produtores vizinhos para a instalação de câmeras
interligadas a uma central de monitoramento regional, com vigilância remota 24
horas;
4. Monitoramento
automatizado com uso de drones e cercas virtuais que detectam movimentações
suspeitas, funcionando como uma barreira preventiva inteligente;
5. Botões
de pânico distribuídos nas residências, sedes e áreas operacionais das
fazendas, permitindo reação rápida em situações de risco, inclusive por
caseiros ou familiares;
6. Grupos de WhatsApp entre os moradores da região, com uso restrito a emergências e alertas de segurança, fortalecendo a comunicação comunitária e a resposta coletiva.
“É fundamental que os produtores deixem de tratar a segurança como custo e passem a vê-la como investimento direto na continuidade da produção. O campo precisa estar tão preparado quanto a cidade”, conclui Bearare.
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