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'Meninas Malvadas' traz a amada vilã Regina George repaginada

Poucas comédias adolescentes tiveram tanto impacto na cultura pop quanto Meninas Malvadas, longa protagonizado pelas atrizes Lindsay Lohan e Rachel McAdams. Era o resumo da adolescência: a necessidade de se encaixar, de agradar, de ser "popular".

O filme de 2004, sensação daquele início de milênio, chegou à geração Z - e ao TikTok. Vídeos da vilã, Regina George, começaram a se espalhar pela rede e meninas diziam o quanto a personagem as representava. Mas a passagem do tempo e a evolução de valores sociais exigiram que a trama fosse repaginada. Afinal, o longa original era recheado de piadas machistas, racistas e homofóbicas. E a mensagem não deveria ter a ver com o desejo de ser uma Regina George.

"É um problema a Regina George ser tão ovacionada", diz Anna Akisue, que interpreta a personagem em Meninas Malvadas - O Musical, em cartaz no Teatro Santander. "Ela é uma grande vilã, muito carismática e todo mundo a ama, é verdade, mas não é uma pessoa legal."

Na trama, a adolescente Cady Heron se muda da África para os Estados Unidos. Lá, ela tem um choque cultural ao entrar em contato com a estrutura e os desafios do ensino médio. Logo se envolve com um grupo de garotas populares - Karen, Gretchen e Regina George -, mas percebe que elas são, na verdade, cruéis, competitivas e manipuladoras.

DESLOCADO

"O musical fala sobre coisas pelas quais todo mundo em algum momento na vida já passou e sobre aquela sensação de se sentir deslocado. A necessidade de fazer parte, às vezes, nos faz perder a nossa essência", afirma Laura Castro, que vive Cady na versão brasileira. "Cady passa por esse processo."

A versão em cartaz no Teatro Santander parte de um musical que estreou na Broadway em 2017. O espetáculo foi escrito por Tina Fey, roteirista do filme original. Há mudanças significativas em relação ao longa - a maior delas é a cena de "redenção" de Regina George, cortada do filme de 2004.

O musical virou um novo filme no ano passado, estrelado por Reneé Rapp e Angourie Rice. Não foi tão bem recebido - tem 62% de aprovação do público no Rotten Tomatoes -, mas já trouxe algumas atualizações para a história, incluindo a cena excluída de Regina.

O musical que chegou ao palco da capital paulista é uma união dos dois filmes com a versão da Broadway, mas ganhou toques especiais. Mais brasileiros, como define Danielle Winits. "O público vai encontrar um pouco de nós, vai conhecer uma nova versão dessas personagens e eu acho que isso é o mais legal", diz.

Danielle interpreta as três principais personagens adultas do musical: sra. Heron, a mãe de Cady, sra.

George, a mãe de Regina, e srta. Norbury, uma das professoras do ensino médio. Para ela, o grande mérito de Meninas Malvadas é a "liberdade para abordar assuntos delicados". "Isso é a função do teatro", afirma. "É a elaboração das questões, é você sair do teatro pensando, questionando, se transformando."

Segundo a atriz, e também para Laura e Anna, a "atemporalidade" de Meninas Malvadas se dá, justamente, por tratar do assunto com naturalidade.

"Esse universo hostil vivido pelo adolescente é muito presente ainda", comenta Danielle, mãe de um garoto de 17 anos e de outro de 13. "Temos poucos filmes que retratam a adolescência como ela realmente é: uma fase caótica. Amo a comparação do ensino médio com uma selva, porque é assim mesmo", afirma Anna.

RIVALIDADE

Outro tema onipresente em Meninas Malvadas é a rivalidade feminina - também mais forte na adolescência. No musical, ela está lá, mas ganhando uma resolução no encerramento. "Temos um ‘fechamento de ciclo’", afirma Laura. "E falamos também dessa competitividade feminina e do quanto ela é nociva para nós. Mostramos o quanto é importante nos apoiarmos e olharmos para o outro com mais carinho, mais empatia, em vez de querer que o outro se encaixe no que esperamos."

"Se você já é fã do filme ou do filme musical e está esperando ver algo parecido, vai ver algo parecido, mas você vai ver algo novo também no palco", explica Anna. "É uma oportunidade de as pessoas verem um novo ponto de vista para a mesma história", finaliza Laura Castro.


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