Natal: como outras religiões se relacionam com a data
Hoje, a maioria dos cristãos comemora o Natal. A
princípio, o dia 25 de dezembro estava relacionado à festa do deus Sol
Invictus, patrono dos soldados romanos. Com a expansão do cristianismo, no
ano de 354 depois de Cristo, a Igreja Católica oficializou a data como a
natividade de Jesus Cristo, apresentado como o verdadeiro sol dos
cristãos. Em algumas passagens no Velho Testamento da Bíblia, há
referências a Jesus como “Sol” e “astro nascente”. A festa de Natal vai
além de presentes e da figura do Papai Noel e surgiu como uma forma de
expressão religiosa.
Poucas datas do calendário religioso alcançaram tamanho
impacto cultural quanto o Natal. Este dia marca, para os cristãos, o nascimento
de Jesus Cristo e representa um dos momentos mais importantes do cristianismo.
Ao longo do tempo, porém, a data ganhou contornos que vão além da religião,
incorporando símbolos, costumes e valores que passaram a integrar a vida social
de milhões de pessoas ao redor do mundo. Nesse contexto, surge a curiosidade
sobre como outras religiões enxergam e se relacionam com o Natal.
No judaísmo, o Natal não possui significado religioso. Os
judeus não reconhecem Jesus como o Messias prometido nas Escrituras e, por
isso, não celebram seu nascimento. As principais festividades judaicas seguem
um calendário próprio, baseado no calendário hebraico, com datas como o
Pessach, o Yom Kippur e o Hanucá.
Este último, muitas vezes celebrado no mês de dezembro,
costuma gerar confusão, mas tem um significado completamente distinto do Natal,
lembrando a resistência do povo judeu e a rededicação do Templo de Jerusalém.
Em países de tradição cristã, no entanto, muitos judeus convivem com o Natal
como um fenômeno cultural, participando de encontros sociais ou familiares sem
atribuir caráter religioso à data.
Para os muçulmanos, Jesus (chamado de Isa) é reconhecido
como um dos grandes profetas do islamismo, nascido de forma milagrosa, mas não
como filho de Deus. O Alcorão rejeita a noção da divindade de Jesus e, por
consequência, o Natal não é celebrado como uma data religiosa. Ainda assim, em
sociedades multiculturais, muçulmanos costumam respeitar e, em alguns casos,
participar das confraternizações natalinas, entendendo-as como momentos de
convivência social, sem vínculo com práticas de fé islâmica.
No budismo, a relação com o Natal também se dá fora do
âmbito religioso. Buda não é visto como um deus, mas como um mestre espiritual
que alcançou a iluminação, e o budismo não possui festividades ligadas à figura
de Jesus. A data, porém, é frequentemente associada a valores universais, como
compaixão, generosidade e solidariedade, princípios que dialogam com os
ensinamentos budistas. Assim, muitos budistas encaram o Natal como um período
favorável à reflexão e ao fortalecimento dos laços humanos.
Especialistas apontam que, fora do cristianismo, o Natal
é compreendido sobretudo como um evento cultural, marcado por símbolos de
união, troca de presentes e confraternização. Em sociedades cada vez mais
diversas, a data se transforma em uma oportunidade de respeito mútuo e diálogo
inter-religioso, mostrando que, mesmo com crenças distintas, diferentes
tradições podem conviver em torno de valores comuns como paz, empatia e
solidariedade.
Mesmo entre os cristãos que costumam fazer festa, nem
todos celebram o Natal nesta data. A existência de dois calendários, o
gregoriano e o juliano, faz com que parte dos seguidores do cristianismo
comemorem o Natal depois do Ano Novo. As Igrejas Ortodoxas do leste
europeu e do Oriente Médio celebram o nascimento de Jesus no dia 7 de janeiro,
data do calendário juliano que corresponde ao dia 25 de dezembro no calendário
gregoriano.
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