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Mães relatam desafios e superação do parto prematuro

 

Mês da prematuridade resgata a importância da presença da mãe com o bebê, principalmente por meio do método canguru

Gisele Carvalho

Hoje é o Dia Mundial da Prematuridade. Novembro é considerado o mês internacional de sensibilização para esse tema e o objetivo é alertar a população sobre o alto índice de partos prematuros, fomentar os cuidados de prevenção e informar a respeito das consequências do nascimento antecipado para o bebê, para sua família e para a sociedade.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil ocupa a 10ª colocação dos países com mais partos prematuros no mundo. São 340 mil nascimentos pré-termo todo ano, o que equivale a 931 bebês prematuros por dia ou 6 a cada 10 minutos. 

No mundo, 15 milhões de bebês nascem antes do tempo por ano.

É considerado prematuro o nascimento que ocorre antes da 37ª semana de gestação.

São diversas as causas que podem levar à prematuridade e incluem: gemelaridade, infecções, doenças crônicas como diabetes e hipertensão, influência genética; entretanto, frequentemente nenhuma causa é identificada. A OMS enfatiza que a realização do pré-natal representa um papel fundamental na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante.

A cor roxa escolhida como símbolo da campanha representa a sensibilidade e a individualidade de cada bebê prematuro e também significa transformação, algo visível para quem acompanha o desenvolvimento desse bebê.

Uma das estratégias adotadas no Brasil é o método canguru que, de acordo com a OMS, pode salvar até 125 mil recém-nascido pré-termo. Entre os bebês prematuros ou abaixo do peso ideal, esse método reduz as mortes infantis em até 40%, a hipotermia em mais de 70% e as infecções graves em 65%. A cobertura total desses cuidados inclui contato pele a pele precoce e prolongado com um dos pais, além de amamentação exclusiva. No entanto, em função da pandemia, muitas famílias não puderam e ainda não podem ficar próximas ao seu prematurinho, separando assim pais de seus bebês. Por isso, o slogan da campanha de 2021 é Separação Zero.

 

EXPERIÊNCIAS

No ano passado, a biomédica Gelise C. Schimdt passou por essa experiência quando sua filha Sara nasceu com 32 semanas e pesando 1.770 kg. “Foi muito difícil ter apenas uma hora de visita e não poder fazer o canguru, a necessidade de toque e colo para o bebê é muito importante”, lamenta.

Mas ela ressalta que, apesar disso, o trabalho dos profissionais, como a fonoaudióloga, para garantir a amamentação foi excelente. “Foi maravilhoso conseguir amamentar exclusivamente até os 6 meses mesmo não tendo o contato imediato com a bebê”. Mas, para mães e bebês teria sido melhor se não houvesse essa separação na UTI neonatal. A Sara ficou 26 dias, mas alguns bebês ficam muito mais tempo”, relata.

Já a advogada Carina Dibbern, que também passou por um parto prematuro pôde contar com esse recurso, mas apenas após os primeiros 40 dias de vida do bebê. “Considero o método canguru muito importante nesse momento. É um salto para o bebê evoluir”, diz.

Carina é mãe de Talita, que nasceu em junho de 2017, quando ela estava na 27º semana de gestação, ou seja, 6 meses.

Ela conta que passou por momentos de desafios e superação. Houve a necessidade de uma cesariana que, para não prejudicar a respiração dos pulmões do bebê, teve uma sedação mínima. “Estávamos preparados para receber a Talita no início de setembro, mas ela acabou nascendo antes, com apenas 1 kg. Ela não tinha unhas, sobrancelhas nem cílios. Sua pele era completamente transparente e a cabecinha, do tamanho de uma laranja”, lembra.

Talita ficou 78 dias internada na UTI neonatal, destes, em três precisou de entubação, em alguns, foi submetida à técnica de respiração chamada Cpap, indicada para o desenvolvimento adequado dos pulmões de prematuros, e nos dias restantes, ela já conseguia respirar com uma oferta mínima de oxigênio. “Então, lá eu comemorei o primeiro e o segundo mês de vida dela. No terceiro mês ela teve alta e então, ficamos internadas no quarto por cinco dias”.

Carina lembra ainda sobre as principais dificuldades dessa experiência. “A maior delas foi a demora para ganhar peso. Outra situação muito difícil para nós, enquanto pais, foi negar a nosso filho, Pedro, o direito de conhecer a irmãzinha, uma vez que na UTI não era permitido sua entrada. Principalmente, porque seu aniversário é bem pertinho do da irmã prematura”, relata.

A advogada ressalta que, para eles, o fato de Talita se recuperar e crescer com saúde é um milagre. “É uma vitória essa superação. O pai, que é médico e por isso acaba entendendo de todos os detalhes, ficava bastante emocionado ao ver esse milagre da vida e acompanhar a evolução da filha, que não teve nenhuma sequela. Hoje, com quatro anos, ela é uma criança superativa, mais alta até do que a média das crianças de sua idade”. Finaliza.

 

Foto: Menina com a boneca – Arquivo pessoal.

 

Talita, hoje com 4 anos, nasceu aos seis meses de gestação, pesando apenas 1 kg.

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