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OMS classifica cepa africana como Variante de Preocupação Ômicron

Segundo a entidade, esse tipo de variante oferece maior risco de transmissibilidade, virulência e de escape do sistema imunológico

A Organização Mundial da Saúde (OMS) batizou ontem a nova variante do SARS-CoV-2 identificada no continente africano como Ômicron e classificou a cepa como uma Variante de Preocupação. De acordo com a entidade, a decisão foi tomada por conta da grande quantidade de mutações apresentada pela variante, sendo que algumas delas apresentam “características preocupantes”.

“Neste momento, há muitos estudos em andamento e muito trabalho na África do Sul e em outros países para que se possa caracterizar melhor a cepa em termos de transmissibilidade, severidade e qualquer tipo de impacto em medidas de combate, como o uso de kits diagnósticos, terapias e vacinas”, informou a líder técnica de resposta à covid-19 da OMS, Maria Van Kerkhove.

A classificação de Variante de Preocupação, de acordo com a entidade, exige importantes ações por parte dos governos, como o compartilhamento de sequências de genoma; a comunicação de casos e mutações; e a realização de investigações de campo e de análises laboratoriais para melhor compreender os impactos, a epidemiologia, a severidade e a efetividade de medidas de saúde pública.

“Essa nova Variante de Preocupação Ômicron ressalta a necessidade de acelerar a equidade vacinal e de fazer imunizar contra a covid-19 profissionais de saúde, pessoas idosas e outros em risco e que ainda não receberam a primeira e a segunda dose”, destacou a OMS, por meio de sua conta no Twitter.

O QUE É

Segundo a OMS, Variante de Preocupação é aquela que está associada a uma ou mais das seguintes alterações: aumento da transmissibilidade ou alteração prejudicial na epidemiologia da Covid-19; aumento da virulência ou mudança na apresentação clínica da doença e diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública ou diagnósticos, vacinas e terapias disponíveis.

MEDIDAS NO BRASIL

O Ministério da Saúde emitiu ontem um alerta para secretarias estaduais e municipais sobre o risco da nova variante do coronavírus, identificada pela primeira vez na África do Sul.

Já a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou que fossem implementadas medidas restritivas para voos e viajantes procedentes da região. Estão na lista os países África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. Mas, o Itamaraty informou, em nota, que ainda não tem posicionamento sobre a conduta que o Brasil deve adotar em relação à nova variante.

HISTÓRICO

A variante B.1.1.529 foi descoberta em Botsuana e, segundo cientistas, tem um "número extremamente alto" de mutações, o que pode levar a novas ondas da Covid-19. Foram confirmados dez casos em três países (Botsuana, África do Sul e Hong Kong) por sequenciamento genético, mas a nova variante causou grandes preocupações aos pesquisadores porque algumas das mutações podem ajudar o vírus a escapar à imunidade. Os primeiros casos foram descobertos em Botsuana, em 11 de novembro, e os primeiros na África do Sul três dias depois. O caso encontrado em Hong Kong foi de um homem de 36 anos.

DADOS TÉCNICOS

Esta variante tem 32 mutações na proteína spike, a parte do vírus que a maioria das vacinas usa para preparar o sistema imunológico contra a Covid-19. As mutações na proteína spike podem afetar a capacidade do vírus de infectar células e se espalhar, mas também dificultar o ataque das células do sistema imunológico sobre o patógeno.

O virologista do Imperial College London, Tom Peacock, revelou vários detalhes da nova variante, afirmando que “a quantidade incrivelmente alta de mutações de pico sugere que isso pode ser uma preocupação real”. No Twitter, ele defendeu que “deve ser muito, muito, monitorado devido a esse perfil horrível de picos”, acrescentando que pode acabar por ser um “aglomerado estranho” que não é muito transmissível. “Espero que seja esse o caso”.

A médica Meera Chand, microbiologista e diretora da UK Health Security Agency, afirmou que, em parceria com órgãos científicos de todo o mundo, a agência monitora constantemente a situação das variantes de SARS-Cov-2 em nível mundial, à medida que vão surgindo e se desenvolvem. “Como é da natureza do vírus sofrer mutações frequentes e aleatórias, não é incomum que surjam pequenos números de casos apresentando novas mutações. Quaisquer variantes que apresentem evidências de propagação são avaliadas rapidamente”, acrescentou ao The Guardian. (Com Agência Brasil)

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