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Entra em vigor este ano o novo ensino médio

O Novo Ensino Médio entra em vigor nesta semana, quando inicia o ano letivo, em escolas públicas e privadas. Na rede estadual, as aulas iniciam na próxima quarta-feira (2). Um dos objetivos, segundo o Ministério da Educação, é de tornar a etapa mais atrativa e evitar o abandono escolar. As mudanças começarão pelo 1º ano e a principal novidade é que os alunos deverão cumprir itinerário formativo. Com o novo modelo, parte das aulas será comum a todos os estudantes do país, direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Na outra parte da formação, os próprios alunos poderão escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado. Poderão escolher dar ênfase, por exemplo, às áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ao ensino técnico. A oferta dos itinerários vai depender também da capacidade de oferta das redes de ensino e das escolas. Isso está indicado nos referenciais curriculares estaduais.

Outra mudança prevista na lei nº 13.415/2017, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estabeleceu a ampliação no tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para 1.000 horas anuais, definindo uma nova organização curricular, mais flexível. Segundo o MEC, a mudança deve garantir a oferta de educação de qualidade a todos os jovens e aproximar as escolas da realidade dos estudantes de hoje, considerando as novas demandas e complexidades do mundo do trabalho e da vida em sociedade. No entanto, na prática, grande parte dos professores estão cautelosos com relação às mudanças.

Em entrevista ao Fato & Versão, Andreia Carvalho Guizo, professora efetiva de Geografia da rede estadual e diretora de escola da EMEB Cecília Meireles, de Cosmópolis, comenta sobre as expectativas da classe frente ao novo modelo de ensino.

- Desde que você leciona, essa é sua primeira mudança no ensino vivenciada?
Não, ao longo dos anos a Educação tem passado por algumas mudanças, sempre no sentido de aprimoramento e busca de melhor qualidade. Tivemos também outras mudanças como, por exemplo, a municipalização e a implantação do ensino de 9 anos, além das mudanças de grade curricular.


- Qual a expectativa do professor ao ter que se adequar às mudanças implantadas na rede de ensino?

Bem, tudo que é novo gera certa insegurança, mas as mudanças não alteram a função do professor, apenas instigam a sua capacidade de adaptabilidade. Mesmo que o professor não concorde totalmente com a nova proposta, é sua função desempenhá-la da melhor forma possível, em prol de uma aprendizagem significativa para o aluno. Além disso, a mudança gera sempre a expectativa da melhoria de ensino, tão necessária ao Brasil.


Quais as principais mudanças o novo modelo propõe para o cotidiano do aluno?

As principais mudanças estão pautadas na ampliação da carga horária e na nova organização curricular, mais flexível. Além das matérias da base comum curricular, o aluno passa a ter a possibilidade de escolha de algumas disciplinas dos Itinerários Formativos.


Qual a sua opinião em relação as atuais mudanças?

Entendo que havia uma necessidade urgente de uma nova proposta, porém os resultados de toda mudança dependem de como se dará o processo na prática. A qualidade da educação depende de vários fatores, a sala de aula é uma roda viva e só a vivência concreta da nova proposta poderá dar subsídios para a avaliação final. A única certeza é de que só as atuais mudanças não serão capazes de construir um Ensino Médio atrativo e com ótimos resultados. Os dados das últimas avaliações externas comprovam o quanto o Ensino Médio ainda tem que melhorar para alcançar patamares mínimos de qualidade, se comparado a outros países.


Agora, profissionais de todas as áreas podem dar aula no ensino médio. Em sua opinião, isso é positivo ou pode prejudicar o aprendizado do aluno?

Esse é um assunto polêmico, que pode estar sendo mal interpretado. O importante é entendermos que 60% da grade curricular continua sendo de disciplinas da base curricular, ou seja , as conhecidas matérias bases, e somente professores com formação em alguma licenciatura continuam podendo ministrar essas aulas. Os profissionais de outras áreas, ou seja, com bacharelado, poderão atuar na formação técnica ou profissional do Novo Ensino Médio, desde que possuam formação pertinente ao conteúdo a ser trabalhado.

Os estudantes serão orientados para a escolha dos itinerários formativos? Como se dará essa orientação?

Infelizmente toda essa mudança está acontecendo nesse momento atípico, de pandemia, em que os alunos estão há quase dois anos com aulas remotas e, consequentemente, com menos contato direto com seus professores, que seriam os melhores para auxilia-los. Apesar disso, aqui no estado de São Paulo, eles tiveram a oportunidade de escolha pelo site da Secretaria de Educação Digital, onde puderam fazer suas opções pelos temas que mais se interessavam. As escolas também tiveram a oportunidade de organizar os cursos a serem oferecidos com base nas escolhas dos seus alunos e também com base em suas realidades, levando em conta o que cada Unidade Escolar teria condição de oferecer nesse primeiro momento.

 

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