Parlamentares pontuam necessidade de atendimento pediátrico na área central; “número de PA infantil deveria aumentar e não diminuir”, diz munícipe.

A notícia de que Prefeitura vai fechar o Hospital da Criança deixou grande parte da população descontente. De acordo com a Prefeitura, o atendimento pediátrico será transferido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Abílio Pedro e nos Prontos Atendimentos Aeroporto e Hipólito. Os locais terão atendimento de pediatria 24 horas.

Atualmente, o Hospital da Criança fica na região central e também conta com atendimento 24 horas. Este Centro foi implantado com o objetivo de ampliar os atendimentos tidos como urgentes e possui especialistas próprios para a saúde da criança e infraestrutura direcionada apenas ao atendimento infantil. O local conta também com serviços de raio-x e exames laboratoriais. Por isso, o fechamento desagrada muitos limeirenses que utilizam o serviço. “Moro no Jardim Anavec e precisaria pegar dois ônibus para ir até os Prontos Atendimentos dos bairros. Para ir ao centro, pego apenas um ônibus que para bem perto do Hospital da Criança. Já na Humanitária e Santa Casa, o atendimento demora demais porque tem muitos casos de urgências que incluem os adultos. Realmente não gostei dessa mudança”, diz Cassiana, mãe de uma criança de 4 anos.

Pamela Santos usou uma rede social para pedir união entre as mães que usam aquela unidade. “O atendimento das crianças deveria aumentar e não diminuir. Nossas crianças precisam do hospital. Pelo amor de Deus, povo, vamos dizer não a esse fechamento. É muita hipocrisia dos administradores. Fazem isso porque não são seus filhos ou netos que precisam de atendimento”, desabafa.

Elisangela Sena diz que precisa ter mais voz ativa. “Se assim não fizermos, tudo vai ser tirado de nós. Precisamos cobrar de nossos administradores que façam algo pela parcela mais vulnerável”.

Alessandra Carvalho também é mãe e deixou seu depoimento na postagem. “Estive ontem neste hospital. O Dr. Luís Fabiano é um médico maravilhoso, competente. Não podemos deixar fechar esse local. Vamos nos unir, mães”, pede.

Outra mãe, que não autorizou a divulgação de seu nome, disse: “É lamentável. Este hospital é exclusivo para crianças, sala de emergência só infantil, observação só infantil, funcionários treinados e com ótima experiência em atender as crianças, médicos excelentes. Olha a quanto tempo este hospital está funcionando em nossa cidade. Somos referência, até o povo das cidades vizinhas vêm para cá. No centro, todos os ônibus passam, e sem contar que a farmácia também é perto. Já que ele quer investir é só melhorar ainda mais o mesmo hospital”.

De acordo com funcionários da Secretaria da Saúde, a motivação para o fechamento da unidade é o alto custo do aluguel do prédio onde ele está alocado.

Apesar das reclamações, o prefeito Mario Botion informou que a medida é baseada em um estudo que foi feito pela Secretaria de Saúde. “Levantamento da pasta mostra que neste ano, até outubro, o PA Infantil realizou 18.192 atendimentos. Isso significa 61 atendidos por dia, ou ainda, 2,5 por hora. Outro dado levantado é que, desses atendimentos, somente 22% foram de pacientes da região do PA Infantil. A maior parte (78%) foi de munícipes da região do Aeroporto, Hipólito e Abílio Pedro, que passarão a ter pediatras 24 horas”. O Executivo ainda reforça que o Hospital Humanitária e a Santa Casa seguirão com atendimento pediátrico. “Todas as medidas tomadas são técnicas e buscam atender melhor o munícipe”, cita a nota enviada pela Prefeitura.

QUESTIONAMENTOS

A vereadora Constância Félix (PDT) apresentou dois requerimentos à Prefeitura sobre o funcionamento do Hospital da Criança e ainda defende que a ideia de fechar o hospital pode causar prejuízo às crianças, pois não são todos os bairros que possuem atendimento 24h. “Isso é inadmissível. Todos os postos de Pronto Atendimento deveriam contar com pediatras e ficar abertos 24 horas. É uma maldade com a população fechar uma unidade de saúde. Com o avanço do crescimento da cidade, a Prefeitura deveria se adequar e expandir os atendimentos e não fechar um local que é referência regional”, pontuou.

Diante disso, nos requerimentos a parlamentar questionou quantas crianças foram atendidas pelo Hospital da Criança nos últimos cinco anos e em quais bairros residem a maioria delas.

Além disso, a parlamentar questiona se os atendimentos ainda serão custeados pela Prefeitura e realizados por profissionais contratados pelo Hospital Humanitária ou se passarão a ser feitos por profissionais municipais ou, ainda, por outra rede de saúde privada. Constância perguntou também se a estrutura, equipamentos e número de funcionários são suficientes para atender a demanda nas unidades de pronto atendimento. Por fim, ela questionou se, em caso de necessidade, a Prefeitura pretende realizar novo concurso público para contratação de profissionais da saúde.

A vereadora Lu Bogo (PL) também enviou à Prefeitura requerimento sobre o tema. A parlamentar questiona se há possibilidade de o município manter a unidade (Hospital da Criança) aberta em outro prédio, também na região Central. E, se sim, onde.  Em caso de negativa, ela quer saber o motivo.

“O presente requerimento se justifica devido ao grande número de munícipes que ficaram desgostosos ao saber da informação do fechamento do Hospital da Criança, no centro de Limeira”, cita. “Por mais que as unidades do Jardim Aeroporto, Abílio Pedro e Parque Hipólito passem a atender 24h e recebam a demanda deste público, os pais não concordam de não ter mais um local exclusivo para as crianças. O atendimento nestas Unidades de Pronto Atendimento – UPA e também no Hospital Humanitária e Santa Casa são importantes e essenciais, porém, as crianças ficam em contato com todas as pessoas e expostas a situações e vírus que poderiam ser evitados se tivessem um local exclusivo para o público infantil. Por estas razões apresento o presente requerimento”.

Já o vereador Helder do Táxi (MDB), que também protocolou requerimento ao Executivo nesse sentido, diz que a ampla discussão nas redes sociais sobre o fechamento do Hospital da Criança motivou a propositura. No documento, ele questiona se os novos locais de atendimento pediátrico haverá um espaço reservado apenas para atendimento infantil, preservando desta forma a saúde das crianças e possíveis contaminações paralelas com adultos.

Outro ponto abordado pelo parlamentar é acerca da infraestrutura. “O atual Hospital da Criança, conta com ampla estrutura de atendimento, inclusive com equipamentos, como aparelho de raio-x. Este mesmo atendimento será ofertado nestas unidades de saúde, garantindo a mesma qualidade de atendimento oferecida às crianças naquele local”, diz.

Helder faz também os seguintes questionamentos: existe tratativas, por parte do Poder Executivo, para firmar convênios com clinicas e/ou hospital particulares para atendimentos ou realização de exame em crianças do município?; com relação aos profissionais da saúde que atendem no Hospital da Criança, eles serão transferidos para estes novos locais ou a equipe de cada unidade de saúde realizará estes atendimentos?; qual a programação para adequação destes funcionários?; e, por fim, existe planejamento para concurso público para área da saúde para suprir a necessidade desta demanda? Se positivo, quais vagas serão ofertadas?

A vereadora Tatiane Lopes (Podemos) também justificou a propositura afirmando que um grande número de munícipes entrou em contato com seu gabinete para pedir sua intervenção no fechamento deste hospital. Diante do exposto, ela faz os seguintes questionamentos: quais exames são realizados no Hospital da Criança?, e com a descentralização, os mesmos exames serão disponibilizados nos três postos?.

Assim como o vereador Helder, ela pergunta se haverá uma ala separada para atendimento exclusivo das crianças para que não tenham contato com pacientes adultos.