“Ciesp completa 96 anos celebrando conquistas e projetando o futuro da indústria”

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O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) celebra seus 96 anos de contribuições significativas para o desenvolvimento industrial. Com mais de oito mil associados e 42 diretorias regionais, é uma das maiores entidades do gênero no mundo, promovendo o fomento tecnológico, capacitação humana, internacionalização e modernização das fábricas, com enfoque na transformação digital e descarbonização.

Rafael Cervone, presidente do Ciesp e primeiro vice-presidente da Fiesp, destaca as iniciativas para enfrentar os desafios atuais, como o Programa Jornada de Transformação Digital, em parceria com Fiesp, Senai-SP e Sebrae-SP, e o novo programa voltado à descarbonização. O Ciesp celebra marcos como a fundação em 1928 e a implantação das diretorias regionais em 1949.

Ao longo dos anos, a entidade tem apoiado a criação de políticas públicas favoráveis ao setor industrial, lutando contra obstáculos como alta carga tributária e burocracia. Em termos políticos, o Ciesp tem influenciado debates sobre reformas estruturais, como tributária e administrativa, visando um ambiente mais favorável às empresas.

 

Confira:

 

Como o Ciesp tem enfrentado os desafios atuais da indústria brasileira, especialmente em relação à transformação digital e à descarbonização? 

Desde junho de 2022, somos parceiros da Fiesp, do Senai-SP e do Sebrae-SP na realização do Programa Jornada de Transformação Digital, que oferece atualização às indústrias paulistas, abrangendo desde o modelo de negócio até as etapas mais avançadas de digitalização dos processos, o que impacta diretamente na produtividade e competitividade. Hoje, estamos com 17.377 empresas inscritas no programa, que é totalmente gratuito para as que faturam no máximo R$ 8 milhões/ano, pois nosso grande objetivo é beneficiar as micro, pequenas e médias, que muitas vezes não têm condições financeiras e equipes especializadas para sozinhas darem esses passos importantes rumo à modernização.  Além disso, estamos trabalhando em um novo programa, com o Senai, nos moldes da Jornada de Transformação Digital, só que voltado à pauta da descarbonização. Sem dúvida, este é um tema urgente e que chegou com força ao nosso dia a dia, devido à crise climática. Nossa meta é oferecer todo o suporte necessário para que as empresas possam manter-se atualizadas e conectadas com a digitalização e com a descarbonização. As grandes indústrias têm recursos e equipes para diagnosticar, propor e colocar em prática as melhorias. Nosso olhar mais cuidadoso é realmente em torno das micro, pequenas e médias, que precisam de apoio.  

 

Quais são os principais marcos e conquistas que o Ciesp celebra ao completar seus 96 anos de história? 

Sob o prisma da História, a fundação do Ciesp, em 28 de março de 1928, foi um marco para a indústria paulista, visto que, após a Primeira Grande Guerra Mundial, o Brasil começava a perceber a importância de reduzir a necessidade de importação dos produtos manufaturados e, paralelamente, de fortalecer a produção nacional.  Um segundo marco da entidade nesses 96 anos foi a implantação das Delegacias Regionais, com a finalidade de ficar mais próximo de seus associados, o que aconteceria em 1949, inicialmente em Americana, Campinas, Rio Claro e São Carlos. Por fim, em 1994, essas unidades transformaram-se, de modo oficial, em diretorias regionais. Hoje, estamos com 42, dentre diretorias regionais e distritais, o que garante ampla capilaridade perante o setor industrial do Estado de São Paulo. O Ciesp é uma das maiores entidades representativas da indústria no mundo, com oito mil associados. Quanto maior a representatividade, mais legitimidade e protagonismo para a instituição na defesa dos interesses do setor, em todos os âmbitos.  

 

Você poderia destacar algumas iniciativas do Ciesp que contribuíram significativamente para o desenvolvimento da atividade industrial no Brasil ao longo dos anos? 

Desde os anos 1940, o Ciesp tem sido um ator importante na cena industrial paulista, contribuindo para a criação de políticas públicas favoráveis ao setor, mas que beneficiaram também a sociedade. Apoiou, por exemplo, a criação do Senai, em 1942, e do Sesi, em 1946. Está sempre trabalhando para oferecer suporte às indústrias no dia a dia, mas que também tem se posicionado de modo muito atuante na cena política em defesa das empresas. Tem, ao lado da Fiesp, lutado contra a alta carga tributária, contra os juros altíssimos, contra a burocracia, contra aumentos no custo do Estado e tudo o que prejudica o desenvolvimento.  

O Ciesp também realiza um trabalho importante nos bastidores. Este ano, por exemplo, fizemos muitas articulações políticas com deputados estaduais para evitar a aprovação do projeto de lei que previa o aumento do ICMS. Com certeza, nosso esforço contribuiu para que o projeto, que era do Governo do Estado, sequer fosse apresentado à Assembleia Legislativa. Também estamos mobilizados contra a isenção de até 50 dólares concedida, desde agosto de 2023, às plataformas internacionais de e-commerce, que estabeleceu falta de isonomia tributária e concorrência desigual contra as empresas brasileiras. Além disso, também abrimos canais de diálogo para mitigar problemas de infraestrutura, mantendo reuniões periódicas com a CPFL, Enel, CCR, Metrô de São Paulo, Porto de Santos e aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Sorocaba. 

 

Diante da necessidade de reformas estruturais, como a tributária e administrativa, como o Ciesp tem influenciado o debate político e econômico para promover um ambiente mais favorável às empresas? O CIESP e a Influência nas Reformas Estruturais para um Ambiente Favorável às Empresas?  

O Ciesp, atuando como interlocutor do setor industrial ao lado da Fiesp, tem sido um dos principais defensores das reformas tributária e administrativa, visando a um ambiente de negócios mais propício. A entidade participou de modo ativo das discussões sobre a reforma tributária, mantendo diálogo constante com deputados, senadores e lideranças do governo sobre a Proposta de Emenda Constitucional - PEC 45, antes de sua aprovação em dezembro de 2023. Apesar de não concordar com alguns pontos, consideramos que representa um avanço histórico.  

Porém, não paramos por aí. Nos dias 18 e 19 de abril, realizamos, em São Paulo, com a presença de mais de 500 pessoas, o Congresso “Reforma Tributária - Repercussões Práticas”, para discutir os impactos nas indústrias. Participaram especialistas de todo o Brasil, com know how em tributação. A equipe da Secretaria da Reforma Tributária (Sert) do Ministério da Fazenda levou do evento várias boas sugestões para a regulamentação da PEC, cuja proposta foi entregue pelo governo ao Congresso Nacional em 24 de abril.  

Sobre as reformas administrativas paulista e da União, como dito antes a entidade entende ser necessário modernizar a administração pública e aumentar a eficiência do Estado, com redução de custos. Defendemos, ainda, a profissionalização da gestão e a desburocratização dos processos administrativos. Para isso, o Ciesp posiciona-se publicamente e participa do diálogo e reuniões com parlamentares e membros do Executivo, expondo seu ponto de vista.  

 
Sobre a Nova Indústria Brasil (NIB), poderia compartilhar mais detalhes sobre como o Ciesp pretende garantir o sucesso prático dessa iniciativa? 

Na verdade, o esforço começou antes mesmo do lançamento do programa, pois o Ciesp apresentou diversas sugestões aos técnicos do Governo Federal, pautadas em estudos realizados por especialistas ligados à entidade e à Fiesp. Mantivemos diálogo constante com os responsáveis pela elaboração do plano e participamos ativamente de consultas públicas sobre o tema. Também temos marcado presença em reuniões e eventos em torno da implantação das ações. O retorno do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços foi uma medida importante para projetos de estímulo ao setor.  

Cabe lembrar que, em outra frente voltada ao fomento do setor, foi criado, no Estado de São Paulo, o Conselho de Reindustrialização, no qual o Ciesp conquistou uma cadeira, participando de modo dinâmico e proativo das discussões.  

 

Como o Ciesp enxerga o papel da indústria na geração de empregos, no investimento em tecnologia e inovação, e na agregação de valor à pauta de exportações do Brasil? 

A indústria desempenha papel crucial na geração de empregos, no investimento em tecnologia e inovação e na agregação de valor à pauta de exportações do Brasil. A sociedade sabe que o setor é um dos principais motores do desenvolvimento econômico e social, contribuindo de modo expressivo para o crescimento do PIB, aumento e melhor distribuição da renda e abertura de oportunidades para a população. O parque fabril é um dos mais importantes geradores de empregos no Brasil, com milhões de trabalhadores em diferentes áreas da produção, desde a manufatura até os serviços especializados, o que equivale a 21% dos postos formais de trabalho hoje no país.  

A atividade proporciona salários e benefícios competitivos, contribuindo para a qualidade da vida e o desenvolvimento das comunidades. Também é reconhecida por sua capacidade de investir em tecnologia e inovação, aprimorando seus processos produtivos, desenvolvendo novos produtos e serviços e aumentando sua competitividade no mercado global. Onde há indústria, há investimentos em pesquisa e desenvolvimento, na aquisição de novas tecnologias e na capacitação dos colaboradores, com reflexos na construção de uma economia mais moderna e competitiva.  

Os produtos manufaturados representam a maior parte das exportações brasileiras, gerando receita em moeda estrangeira e contribuindo para o equilíbrio da balança comercial. A indústria busca sempre diversificar sua produção e obter ganhos em produtividade e competitividade, resultando no crescimento das exportações e na inserção mais ampla do Brasil na economia global. Por isso, o Ciesp tem trabalhado com a promoção de eventos, convênios e parcerias, além de apoiar programas de capacitação como os do Senai-SP.  

 

Além das ações políticas em defesa da indústria, como o Ciesp está contribuindo para promover a economia verde, a transição energética e a governança ESG? 

A entidade tem se engajado em diversas iniciativas para promover os pilares ESG (Environmental, Social and Governance) nas empresas associadas. Por exemplo, no quesito da economia verde, destaco a atuação em prol da transição energética. Também temos trabalhado no desenvolvimento de projetos e ferramentas para a implementação de práticas sustentáveis, como os programas de Eficiência Energética, de Economia Circular, de Gerenciamento e Gestão de Resíduos e o de Logística Reversa, além do referente à Economia e Uso Racional de Água.  

No quesito da responsabilidade social, temos apoiado o Senai com programas educacionais, promoção de educação empreendedora, a realização de campanhas internas de saúde e um programa de inclusão e diversidade em nossa rede. Em outubro do ano passado, por exemplo, assinamos com a Fiesp e a Universidade Zumbi dos Palmares um termo de compromisso para estimular a diversidade racial nas indústrias. No documento, constam compromissos como a sensibilização do meio empresarial e da sociedade para práticas afirmativas nesse importante tema. 

No mês de março último, o Ciesp e o Conselho Feminino da Fiesp anunciaram a intenção de estender a todo o Estado de São Paulo o programa “Elas na Indústria”, que oferece capacitação gratuita a mulheres desempregadas que tenham interesse em atuar no setor. A iniciativa inclui parceria com empresas para apoiá-las com indicações para seus bancos de talentos. O projeto-piloto realizou-se na Diretoria Regional do Ciesp em São José dos Campos, que capacitou 29 mulheres no ano passado. As diretorias regionais de São Carlos e Americana são as próximas a implantarem o programa.  

Também temos desenvolvido ferramentas e organizado seminários para estimular as boas práticas corporativas, como programas de gestão de risco, de compliance e de cibersegurança. Agora em maio, nosso Departamento Jurídico realizará evento sobre governança corporativa, dentre outros temas.  

 

Quais são os principais serviços oferecidos pelo Ciesp às empresas associadas e como esses serviços têm impactado positivamente o setor industrial? 

Temos trabalhado muito para aperfeiçoar e criar novos produtos e serviços de acordo com as necessidades mapeadas dos nossos associados. A missão do Ciesp é ser um hub de soluções, que facilite a vida das indústrias e contribua para seu fortalecimento. Destaco a ferramenta de Inteligência de Mercado 2.0. Esta plataforma disponibiliza dados que as ajudam na tomada de decisão e no desenvolvimento de estratégias de negócios. Nossos associados têm acesso a gráficos interativos e bastante intuitivos, a partir de um banco de dados com mais de 18 mil empresas cadastradas no País.  

Outro serviço relevante refere-se às Rodadas de Negócios. Já realizamos 205 mil reuniões, promovendo networking entre empresas fornecedoras e compradoras. Além disso, temos cursos de capacitação (foram 149 online em 2023), a emissão de certificados de origem, emissão de certificados digitais, a Câmara de Mediação e Arbitragem, que evita processos longos e morosos na Justiça comum, e a nossa assistência jurídica, só para citar alguns dos serviços e produtos mais importantes. Mais recentemente, lançamos o Monitore, que é um sistema de gerenciamento de obrigações ambientais para orientar os empresários.  Estes serviços são fundamentais para que as empresas sintam-se apoiadas no desenvolvimento e no networking com outras indústrias.  

 

Qual é a visão do Ciesp para o futuro da indústria brasileira e como a entidade pretende continuar contribuindo para que o país alcance um patamar de economia de renda alta e qualidade de vida à população? 

O Ciesp propõe um conjunto de pilares fundamentais para nortear o desenvolvimento da indústria brasileira: o associativismo, a competitividade, a inovação, a sustentabilidade, a qualificação da mão de obra e a infraestrutura. Por todos os motivos que expusemos aqui, acreditamos que o setor possa contribuir muito para a construção de um futuro próspero e mais justo para todos, com impacto social positivo para toda a sociedade. 

 

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