Bate-Pronto - 21-03

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Um tempo para reavaliações

 

“Vocês pagam um milhão de euros por mês para um jogador de futebol e 1.600 euros para um pesquisador em Biologia. Agora, vocês querem um tratamento. Vão perguntar ao Cristiano Ronaldo ou ao Messi e eles vão encontrar a cura pra vocês”

Estas palavras circularam pelas redes sociais esta semana. Proferidas pela bióloga espanhola Leda Beck, bem dentro do estilo direto e cáustico dos habitantes daquele país, elas deveriam servir para uma reflexão nesta época de crise e quarentena em função do coronavírus.

Esta reflexão específica (outras mais podemos fazer neste momento singular na vida de quase todos nós) diria que é a respeito da inversão de valores que hoje tomou conta do nosso planeta, principalmente no chamado mundo ocidental.

Pergunto: estamos valorizando quem e o que realmente têm valor? Diria, apenas como exemplo, que passamos perfeitamente sem assistir a um show da Anitta ou do Paul McCartney (depende aí do gosto musical de cada um), passamos perfeitamente sem assistir uma semana de jogos de futebol de nosso time favorito, mas passamos sem uma semana sem o coletor de lixo que recolhe a sujeira que acumulamos em nossas residências?

Passamos sem um encanador que conserta um cano estourado em casa? Ou um profissional que nos socorre quando uma goteira no telhado alaga um cômodo? Ou um eletricista que resolve um curto circuito que pode queimar aparelhos elétricos e eletrônicos que acumulamos no passar do tempo?

Cito apenas esses exemplos. Mas são inúmeros os casos de ausência de valorização de gente que realmente, se nos falta, causa transtornos em nossas vidas. Nem falo de médicos, enfermeiros, profissionais da área da saúde, que são vitais numa vida comunitária.

Temos sido massacrados pelo marketing e pelo noticiário tendencioso e interessado em faturamento a consumir o que nos induzem os grandes meios de comunicação. E fomos, consciente ou inconscientemente, criando, valorizando, superestimando falsos ídolos. Que enchem os bolsos de dinheiro sem prestar, de fato, um sentido mais útil e prático em nossas vidas, em nosso dia a dia. São várias as redefinições que podemos fazer neste período de recolhimento e incertezas. Cito hoje aqui apenas uma delas.

Estamos a vivenciar momentos nunca antes ocorridos em nossas vidas. Alguns dizem que tal epidemia é uma praga que está em textos bíblicos. Pode até ser. Mas qual é nossa postura, individual e coletiva, com relação a ela?

Creio que nenhum ser humano será igual quando a epidemia passar. Se será melhor ou pior, vai depender de quais ensinamentos saberemos tirar de momento tão difícil.

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