Câncer de mama: diagnóstico precoce aumenta chances de cura

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“Há um risco maior de câncer de mama em mulheres que tiveram gestações após os 35 anos ou que não tiveram filhos; amamentação pode diminuir o risco desse câncer”, diz médica.

 

O número de novos casos de câncer de mama em 2020 representou 11,7% do total de todos os diagnósticos da doença no ano e superou o câncer de pulmão, que até então afetava o maior número de pessoas. De acordo com a Agência Internacional para a Investigação do Câncer, da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020 foram diagnosticados mais de 2,2 milhões casos de câncer de mama, sendo o que mais pessoas atinge no mundo.

Segundo especialistas, uma das razões para que o câncer de mama tenha se tornado de maior incidência pode estar relacionado a fatores sociais como o envelhecimento da população, a maternidade cada vez mais tardia ou outras situações como a obesidade, o sedentarismo, consumo de álcool ou dietas inadequadas.

E, para fechar o mês de outubro, a médica Daniela zaros, que é mastologista e ginecologista da Unimed Limeira, esclarece, em entrevista, ao Fato & Versão, as principais dúvidas sobre essa doença.

 

Quais os tipos de câncer de mama? E os principais sintomas?

 Os principais tipos de carcinomas invasivos da mama podem ser dividos com base nas características da forma, tamanho e arranjo das suas células ao microscópico, em: Tipo não especial (conhecido também como ductal invasivo), que representa mais de 75% dos casos; e, em topos especiais (como o lobular, tubular, mucinoso, entre outros).

Além dessa classificação, existe também a divisão imuno-histoquímica que separa em tipos: Luminais (quando apresentam receptores hormonais, de estrógeno e/ou progesterona, positivos), tipo Her 2 (quando as células do tumor expressam essa proteína na sua superfície) e no tipo Triplo negativo (quando são negativos para receptores hormonais e para o HER2).

Já os principais sintomas que podem ser suspeitos para um câncer de mama são:

- Nódulo (caroço) palpável na mama, fixo, endurecido e sem dor associada.

- Secreção do bico do peito sanguinolenta ou transparente, que sai espontaneamente (sem apertar) e unilateral

- Vermelhidão e inchaço da pele da mama conferindo aquele aspecto de “casca de laranja”

- Nódulos palpáveis na axila ou pescoço

- Aparecimento de retração da pele da mama ou do mamilo. Uma ressalva aqui, algumas mulheres podem ter o bico do peito invertido naturalmente, mas o sinal é considerado suspeito quando o bico não era invertido e passa a ser.

 

Mulheres com menos de 40 anos podem ter esse tipo de câncer? É comum em homens também?

Mulheres com menos de 40 anos podem ter o câncer de mama; mas a frequência da doença nessa faixa etária é muito menor. A maior parte dos casos acontece em pessoas com 50 anos ou mais.

O câncer de mama é raro no homem e corresponde a cerca 1% dos casos da doença.

 

O câncer de mama pode ser hereditário?

O câncer de mama pode ser hereditário, entretanto é uma situação mais rara que acontece em cerca de 10% dos casos. Na maioria das vezes a doença acontece por alterações nas células estimuladas por fatores NÃO herdados.

 

É verdade que quem toma anticoncepcional tem mais chances de ter câncer de mama? Ou isso é mito?

Não temos estudos suficientes para contraindicar o uso do anticoncepcional hormonal por associação de risco ao câncer de mama. Alguns trabalhos mostram um pequeno aumento temporário do risco, mas isso em números absolutos de casos é pequeno.

Além disso, o anticoncepcional está associado a diminuição de risco para outros tipos de câncer, como o de ovário, endométrio e colorretal.

Atualmente, contraindicamos o uso pelo risco de câncer de mama somente em pacientes que já tenham tido a doença; já para a população geral mantemos o uso com segurança.

O ideal é que cada paciente avalie e discuta com seu médico sobre os riscos, benefícios e indicação do uso do anticoncepcional hormonal.

 

Quanto às usuárias de prótese de silicone, como funciona os exames? É mais difícil de detectar o câncer?

A recomendação dos exames de rastreamento é a mesma para quem tem prótese de silicone. O diferencial é que são realizadas imagens a mais na mamografia em uma posição especial que afasta a glândula da prótese para diminuir a sobreposição das estruturas.

A detecção da doença na maioria das vezes não é diferente das pacientes sem prótese.

 

Ser mãe após os 30 anos ou não ter filhos pode aumentar o risco de desenvolver a doença?

Existe um risco um pouco maior de câncer de mama em mulheres que tiveram gestações após os 35 anos e em pacientes que não tiveram filhos, quando comparado com mulheres que tiveram o parto.

Aproveitando esse tópico, vale lembrar que a amamentação é um fator que está associado à diminuição do risco de câncer de mama.

 

Usar desodorante ou antitranspirante pode influenciar no surgimento da doença?

Não, isso é um mito. Não temos nenhum dado científico que comprove a associação do uso de desodorantes com câncer de mama.

 

Usar sutiã apertado é um fator de risco. Essa afirmação é mito ou verdade?

Isso também é um mito. Muitas vezes, inclusive, indicamos o uso de top ou sutiã que tenha boa sustentação para pacientes com dor mamária.

     

O autoexame deve ser feito em um determinado dia do ciclo ou não?

Não existe uma regra para a realização do autoexame, contudo recomenda-se dar preferência à fase após a menstruação. Pois durante a fase pré-menstrual e menstrual as mamas podem estar mais inchadas e causar confusão.

 

 

Mesmo se não encontrar nada no autoexame, é necessário fazer mamografia?

Sim! O autoexame normal não exclui a consulta médica e nem a mamografia, se você estiver na faixa etária para a realização do exame. O autoexame detecta alterações que já são palpáveis e muitas vezes a mamografia consegue identificar lesões antes delas serem perceptíveis clinicamente.

A detecção precoce do câncer de mama tem impacto direto na sua taxa de cura; e a mamografia, realizada regularmente, é fundamental para fazer esse diagnóstico na fase inicial da doença.

O autoexame é importante pelo autoconhecimento da mulher sobre seu corpo, e se notada qualquer alteração, deve-se procurar um mastologista.

 

Existem exames mais eficientes do que a mamografia para identificar tumores? Quais são os métodos de diagnóstico que acompanham esse exame?

A mamografia é o único exame que mostrou redução da mortalidade do câncer de mama quando realizado regularmente. Existem outros exames da mama que podem ser complementares a mamografia, como o ultrassom e a ressonância; mas estes têm indicações específicas e a realização deles também não exclui a mamografia de rastreamento.

A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que todas as mulheres que tenham 40 anos ou mais realizem a mamografia anualmente.

 

A radiação da mamografia aumenta o risco de câncer?

Não existe demonstração direta de que a radiação da mamografia cause câncer de mama; a dose dessa radiação é pequena. Esse risco é mais teórico do que prático e o benefício da mamografia supera o risco. Mas é claro que devemos sempre evitar exposições desnecessárias a radiações, e a medicina tenta sempre buscar métodos para reduzir a quantidade da radiação nos exames.

 

 

A mastectomia é necessária para tratar todos os tipos da doença?  Existem casos que não necessitam de cirurgia?

O tratamento do câncer de mama é sempre individualizado para cada caso. Além da mastectomia, algumas vezes realizamos a quadrantectomia (ressecção parcial da mama), mas a indicação de cada uma vai depender de características do câncer e também da paciente.

Em algumas situações, a depender do estado de saúde do paciente, ou em casos que já existe metástase, sinais de que o câncer se espalhou para outros órgãos do corpo, a cirurgia pode não estar indicada. Nos casos com potencial de cura da doença, ainda não temos estudos que comprovem segurança para não incluir a cirurgia no tratamento.

 

 

 

Quais são os tipos de tratamento existentes para o câncer de mama? 

O tratamento do câncer de mama pode envolver várias etapas e conta com uma equipe de especialistas que atuam em conjunto, como o mastologista, oncologista, radioterapeuta, fisioterapeuta, psicólogo, entre outros.

Algumas dessas etapas de tratamento que podem estar envolvidas são:

- Cirurgia da mama e da axila (realizadas pelo mastologista)

- Tratamentos sistêmicos: quimioterapia, endocrinoterapia e imunoterapia (indicados pelo oncologista).

- Radioterapia da mama e da axila. Como já dito, o tratamento é individualizado para cada paciente. Nem todos os pacientes terão indicação de quimioterapia; para alguns, fazemos primeiro a quimioterapia e depois a cirurgia; para outros começamos pela cirurgia, etc.  Essas decisões dependem do tipo do câncer, extensão da doença e características de cada paciente.

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