Mãe denuncia mudanças na ordem da fila para creche

Em duas ocasiões ela esteve em 1º lugar, mas nomes foram adicionados à sua frente

À espera de uma vaga em creche para a filha há um ano, Aline Adriana Andreotti acompanha a fila de vaga em creche todos os dias e chegou a ocupar o 1º lugar da lista. Ontem, porém, foi surpreendida com o fato de que havia outro nome acima do seu e que ela havia caído para a segunda posição.
Essa não foi a primeira vez que o fato ocorreu. "Estou há um ano na fila e desde que fiquei em 6º lugar, entro e acompanho todos os dias. Há algumas semanas eu estava em 1º lugar, mas colocaram outra pessoa na minha frente. Reclamei e voltei ao primeiro lugar da fila. Hoje [ontem], porém, isso ocorreu novamente e decidi tornar o fato público por mim e por todas as mães que estão na fila. Se a fila é única, como uma pessoa entra na minha frente?", questionou.
A fila para vagas em creche é única, mas dividida em sete, que representam as regiões da cidade. Dentro dessas divisões, há, ainda, as subdivisões conforme a idade das crianças. Aline era a primeira da fila para o maternal 2 da região 4, dos bairros Anhangüera e Novo Horizonte.
Todas as mudanças na ordem da fila foram fotografadas pela mãe. "Fiquei feliz quando alcancei o primeiro lugar, achava que bastava esperar para que minha filha fosse chamada. Porém, em duas situações diferentes colocaram pessoas na minha frente. A reclamação não é apenas por minha filha, mas por todas as crianças que esperam uma vaga", citou.
Na primeira vez que ficou em segundo lugar, a mãe cita que foi informada por um ex-assessor da Prefeitura, de que se tratava de um caso específico em que a criança precisou retornar para a fila e, portanto, ocuparia o 1º lugar. "Na primeira vez me explicaram isso e aceitei, mas depois que reclamei esse nome sumiu. Agora, ocorreu novamente e fiquei muito incomodada. Isso precisa ser esclarecido".

NOME RETIRADO

Após o questionamento da Gazeta sobre o caso, na tarde de ontem, o nome de Aline foi retirado da lista. Em aviso no site, a Secretaria diz que quando os nomes somem significa que a criança foi encaminhada à uma creche. No entanto, ninguém havia informado Aline sobre o motivo do nome ter sido retirado.
"Com a retirada do meu nome, outras mudanças ocorreram na lista. A candidata que aparecia na posição 22 passou a ocupar a posição 8". Nomes de outras mães não serão citados porque não foi possível o contato com todas elas.
Após o desabafo de Aline em uma rede social, outras reclamações relacionadas à vaga passaram a surgir. Uma moradora do Jardim Santo André entrou em contato com a reportagem para relatar que aguarda vaga para a neta de um ano. "Estamos buscando e não conseguimos. Teremos que buscar medidas judiciais. Somos do bairro há tantos anos, minha filha estudou aqui e minha neta não consegue uma vaga", cita. 

O OUTRO LADO
A Secretaria de Educação respondeu que “tendo em vista que as inscrições são realizadas por região de atendimento, as posições podem ser alteradas dependendo dos seguintes casos: 1) A criança ser encaminhada; 2) O responsável perder o interesse na vaga por qualquer motivo e 3) O Responsável trocar de endereço, migrando para outra região. Os cadastros estão classificados por região, setor e data de inscrição no levantamento de demanda”.
Cita que a filha de Aline teve o encaminhamento para a creche procedido ontem de acordo com o procedimento padrão interno da Secretaria de Educação - por isso o nome dela não aparece mais na lista. Agora ela deve aguardar o contato da secretaria.
“A pasta ressalta que a movimentação no cadastro para preenchimento de vaga em creche é contínua devido a troca de endereço, mandados judiciais e os encaminhamentos que acontecem normalmente. É importante frisar que a inscrição da aluna, que estava em 2º lugar na "fila", foi feita em 2 de julho de 2019, enquanto que a mãe, que estava em primeiro lugar, foi inscrita no dia 1º de julho de 2019 - portanto, prevalece quem realizou a inscrição antes”
A pasta diz que a situação pode acontecer nos casos de mudança de endereço, por exemplo. “Se uma mãe estava cadastrada para a região 2, e se mudou para a região 4, ela é incluída na lista da região 4 de acordo com a data em que realizou a inscrição. Esse é o processo de classificação, conforme dito acima, estipulado por lei”.