Búfalas: presidente da ONG fala sobre prisão de fazendeiro

Em entrevista, Alex Parente destaca o trabalho dos voluntários e os desafios na recuperação dos animais

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Em novembro do ano passado, através de uma denúncia, a Polícia Ambiental e a ONG ARA (Amor e Respeito Animal) foram até a fazenda Água Sumida na cidade de Brotas e encontraram 22 carcaças enterradas, além de centenas de animais com fome, em situação de abandono, sem água e comida.

Em uma contagem pleiteada por autoridades no início deste ano, foram contabilizados mais de mil animais, sendo 47 cavalos e o restante vacas e bezerros do gênero bubalus (búfalo-asiático), confinados em um pequeno espaço. Com algumas fêmeas prenhas, o rebanho hoje já contabiliza 1.009 animais ao todo.

Considerado o maior caso de abandono e maus tratos do Brasil, o fazendeiro responsável pelo local foi preso nesta semana pela Divisão de Capturas da Polícia Civil acusado de deixar em situação de maus-tratos, sem água e comida. Ele também já foi multado em mais de R$ 4 milhões.

Atualmente, a ONG Amor e Respeito Animal (ARA), vem trabalhando com muita dedicação na recuperação dos bubalinos. Em campanhas, a ARA também vem pedindo o apoio, por meio de doações, para manter os animais, incluindo uma ação de “apadrinhamento”.

Em entrevista para a Gazeta, Alex Parente, presidente da ONG ARA comemorou a prisão do fazendeiro e destacou as ações dos voluntários nesses últimos meses. “Finalmente tivemos uma vitória e a justiça será feita. Esperamos que ele pague pelos crimes que cometeu”, afirma.

Na semana passada, a Justiça determinou a entrega da guarda das búfalas à ONG ARA. Os animais estavam em guarda provisória, mas agora foram doados à ela. “Destacamos que ainda precisa ser definido no processo a respeito dos custeios e outros aspectos jurídicos reflexos dessa decisão, mas foi a primeira grande vitória”, disse.

Os animais são cuidados na própria fazenda, onde os voluntários montaram um hospital de campanha e vem contando com apoio de médicos veterinários e profissionais terceirizados para realizar melhorias na estrutura do local. “O tratamento tem sido um desafio, já foram mais de R$500 mil em manutenção, mas estamos conseguimos graças a doações de voluntários do país inteiro”, disse.

Em estágio avançado de desnutrição, o presidente destaca que muitos animais não se recuperarão por completo. “O processo ainda será lento, mas com muita dedicação. Esses animais estavam tão debilitados, que mesmo agora se alimentando, não conseguem absorver os nutrientes necessários. Nossa próxima batalha é conseguir que eles permaneçam aqui e que essa área da fazenda seja destinada para eles”, conta.

Além dos tratamentos e de todo o carinho, a ONG vem investindo na estrutura dos pastos para garantir alimentação dos animais na época da estiagem. “O intuito é garantir que eles tenham um ambiente que suporte alimentá-los na época da seca, além da segurança na implementação de cercas adequadas e de todo o conforto que eles precisem futuramente”, disse.

Com o aumento de casos de covid-19 nas últimas semanas, o local tem restringindo o número de voluntários, confirme o protocolo de segurança. “É um desafio muito grande. A ONG cuidava de uns 20 cavalos em situação de maus tratos e hoje, são mais de mil animais que dependem do nosso cuidado. Esperamos que o número de casos diminua e que mais pessoas possam contribuir com esse projeto. Não há recompensa maior, do que vê-los melhorando a cada dia e de presenciar os bezerros nascendo com saúde”, afirma.

Para conhecer o trabalho da ONG, apadrinhar ou colaborar de alguma forma, basta acessar o site oficial: https://www.bufalasdebrotas.org.br/.

 

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