Unicamp lança programa de acolhimento humanitário acadêmico

Projeto de bolsas de iniciação científica no valor de R$ 20 milhões é voltado para pesquisadores em situação de risco

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Em uma iniciativa inédita entre as universidades brasileiras, a Unicamp lançou o programa "Refúgio Acadêmico", voltado para o acolhimento humanitário de professores, pesquisadores e estudantes que vivem em regiões conflagradas do planeta. 

De acordo com a professora Ana Carolina Maciel, presidente da Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM/ACNUR), a ideia é promover o acolhimento por meio de bolsas de iniciação científica, mestrado, doutorado e de professor visitante. 

O programa, que vem sendo elaborado desde o ano passado, poderá ser viabilizado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa), que lançou um edital no valor de R$ 20 milhões para pesquisadores em situação de risco. "Tão logo implementarmos as bolsas, poderemos receber os pesquisadores. Eles irão contar com toda a estrutura do Programa Refúgio Acadêmico para desenvolver aqui suas atividades", afirmou ela.

O Plano de Ação do Programa, apresentado no último dia 27 a dirigentes e representantes de órgãos da universidade, prevê sete etapas, entre as quais a mobilização da rede de contatos internacionais da Unicamp para cadastro de interessados e a articulação de redes locais de suporte para a integração do refugiado.

Ana Carolina Maciel lembra que o Programa de Refúgio Acadêmico se insere em um histórico de acolhimento de estrangeiros por parte da universidade.  "Desde a sua origem, a Unicamp vem recebendo docentes e pesquisadores estrangeiros. Com o agravamento das atuais crises humanitárias, as demandas vêm crescendo. Nosso programa vem institucionalizar essa vocação, organizando detalhadamente as frentes para o acolhimento de pesquisadores em situação de risco", afirmou. 

O documento contou com a colaboração de representantes do Hospital das Clínicas, do Centro de Saúde da Comunidade (Cecom), SAPPE (Serviço de Apoio Psicológico e Psiquiátrico), SAE (Serviço de Apoio ao Estudante), Cátedra Sérgio Vieira de Mello ACNUR/Unicamp e Diretoria Executiva de Direitos Humanos. 

"Quando iniciamos esse processo, em agosto de 2021, tratava-se de algo inédito no Brasil. Desde então, fomos procurados por colegas de várias instituições e estamos reunindo forças para que o Refúgio Acadêmico se dissemine no país”, concluiu.

Refugiado

O programa de internacionalização da Unicamp conta hoje com 480 alunos estrangeiros na graduação e 908 na pós-graduação, provenientes de 71 países, 15 deles refugiados de diversas nacionalidades.

No Brasil desde 2013, o sírio Nour Koeder, de 30 anos, ingressou em 2020 em Artes Cênicas na condição de refugiado.  Ele relata dificuldades com a língua, a regularização de documentos e com a própria sobrevivência no país. 

"A Unicamp foi fundamental para mim. Minha vida melhorou muito depois que consegui uma vaga aqui", afirmou. "Precisamos agora divulgar o Programa, pois muitas pessoas com as mesmas dificuldades ignoram essa possibilidade", afirmou.

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